Alguns críticos do modelo, incluindo o presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani (PMDB), alegam que houve crescimento excessivo e que poderia haver uma redução para fortalecer as unidades que mais precisam. ;Pela fala que ouvi do presidente da Assembleia, entendi que não avançaremos mais sem termos condições logísticas de colocar o policial em um lugar seguro. Entendo que não regrediremos. Mas, se tiver que regredir, ok. Porém, sugiro que vão lá perguntar para a população se ela quer que a PM saia. Tem uma pesquisa que diz que 87% querem a UPP. Se tiverem que tomar essa medida, que consultem a população;, afirmou Beltrame, à Agência Brasil.
Beltrame defendeu também maior integração e ajuda federal para o que ele chamou de ;segunda anestesia; no processo de pacificação, comparando o quadro de segurança no Rio de Janeiro aos cuidados com um paciente enfermo.
;A gente deu anestesia em um paciente que precisava de uma grande cirurgia. A questão é: a cirurgia foi incompleta, não foi feita, ou foi feita aos pedaços, e a anestesia está passando. Tem que dar outra anestesia, e a gente mostrou que tem capacidade de dar, que tem condições de pegar forças aliadas, amigas, sejam federais ou estaduais, e dar outra anestesia. Mas acho que não convém fazer isso sem ter a garantia de que a cura efetiva vai acontecer;, explicou o secretário.
Confiança
Beltrame disse que a ajuda dos órgãos federais, principalmente das Forças Armadas, pode ocorrer a qualquer momento para restabelecer o controle sobre áreas hoje conflagradas. ;Se isso tiver que acontecer, também está pronto. Hoje mesmo recebi a ligação do antigo comandante militar do Leste, que está hoje lá em Brasília, colocando-se à disposição; o almirante, também. Soubemos construir essa parceria de confiança. O Roberto Sá está a par disso e, se houver necessidade, isso está praticamente alinhavado.;
O secretário reforçou que a solução para a segurança não é apenas aumentar o efetivo policial, mas oferecer às comunidades serviços sociais do Estado, o que, em sua opinião, não ocorreu. ;A paz não passa exclusivamente pela força. Não é só esse o caminho. Tem que cobrar das polícias, mas existe todo um leque de coisas que, durante 10 anos, (pelas quais) a gente clamou no deserto ; e eu estou saindo clamando ; que na verdade não foram feitas. As pessoas podem, ao botar a culpa na polícia, tirar o foco das coisas que não foram feitas;, acrescentou o secretário.
Beltrame participou ontem de uma festa para crianças de diversas comunidades pacificadas do Rio, com direito a bolo, cachorro-quente e refrigerante, no Parque do Flamengo. Durante a festa, ele foi requisitado o tempo todo para fotos ao lado das crianças e de cidadãos comuns, que lhe agradeceram pelo trabalho na área da segurança.