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Jovens acusam guardas municipais de agressão e homofobia em Sorocaba (SP)

Os jovens, que pediram para não serem identificados, estavam no principal terminal de transporte urbano da cidade, quando um deles começou a discutir com o outro, seu namorado

Agência Estado
postado em 17/10/2016 18:43

Quatro jovens acusam integrantes da Guarda Civil Municipal (GCM) de agressão e homofobia, em Sorocaba, interior de São Paulo. Os três rapazes de 21 anos e a irmã de um deles, de 30, dizem que foram agredidos e xingados por quatro guardas, na noite de sábado, 15, por serem gays. Um deles foi levado a uma sala e espancado. Os guardas alegam que intervieram em uma briga entre os jovens e acabaram sendo agredidos. A GCM de Sorocaba abriu sindicância para apurar o caso. Um inquérito da Polícia Civil também vai apurar as duas versões.

Os jovens, que pediram para não serem identificados, estavam no principal terminal de transporte urbano da cidade, quando um deles começou a discutir com o outro, seu namorado. "Era uma discussão verbal comum, eu estava segurando meu namorado pela jaqueta para ele não ir embora, quando o guarda se aproximou e me segurou pelo braço. Eu puxei o braço e ele caiu, mas se levantou e veio de cassetete", disse. Ele conta que perdeu os sentidos e, quando voltou a si, estava em uma sala do terminal e recebia socos. "Eu cheguei a morder a mão do guarda que estava me batendo e gritei pedindo socorro", afirma.


Os colegas que ficaram do lado de fora contam que também receberam empurrões e golpes de cassetete, além de terem sido xingados de "boiolas" e "veadinhos". À moça, os guardas disseram que, se ela queria ser homem, seria tratada como um. O rapaz agredido, um vendedor, e seu namorado foram levados algemados pelos próprios guardas a um pronto-socorro. O vendedor recebeu pontos no supercílio. Ele também apresentava hematomas no olho. "Quando eu estava sendo atendido, pedi para tirarem a algema para tomar a injeção, mas o guarda foi irônico e disse que tinha perdido a chave", contou. No trajeto ao plantão da Polícia Civil, os dois continuaram algemados e disseram ter ouvido os guardas combinando a versão que iriam apresentar.

Os guardas registraram ocorrência por lesão corporal, resistência e desacato, em que eles figuram como vítimas e os rapazes, como agressores. Os três rapazes e a moça passaram por exame de corpo de delito nesta segunda-feira, 17.

Nota

A GCM encaminhou nota no fim da tarde desta segunda-feira, 17, informando que os guardas agiram para "zelar e garantir a prestação dos serviços dentro do terminal urbano, que estava sendo prejudicado pelo tumulto gerado pela briga entre quatro pessoas". "Foi necessária uma atuação pontual por conta da exaltação dos envolvidos que se recusaram a aceitar as solicitações de apaziguamento dos ânimos, sendo além da verbalização, aplicados os meios moderados com o uso progressivo da força para contê-los."

Ainda segundo a nota, "no transcorrer do ato, um dos agentes foi empurrado por um dos rapazes, vindo a cair e ter o dedo mordido pelo mesmo". A GCM informou ainda que foi aberto processo administrativo para apuração dos fatos, "para verificação se houve ou não qualquer tipo de excesso ou abuso". O processo passará pela Ouvidoria e Corregedoria da corporação. "Caso seja comprovada qualquer irregularidade na ação por parte dos agentes de segurança, serão tomadas as medidas administrativas cabíveis", informa.

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