Jornal Correio Braziliense

Brasil

Pai queria que filho fosse como ele, diz tia de jovem morto em Goiânia

O estudante foi morto a tiros pelo engenheiro Alexandre José da Silva Neto, na terça-feira (15/11) em Goiânia

A tia do estudante, Rosania de Moura Rosa, irmã da mãe de Guilherme, contou informalmente à polícia que a relação entre pai e filho era conflituosa e que Alexandre tinha ameaçado matar o estudante caso fosse às ocupações. Ela disse que, desde criança, o engenheiro mantinha o filho único numa espécie de prisão, com receio de que acontecesse algo com ele. Conforme Rosania, o cunhado era possessivo e queria que o filho fosse como ele, mas Guilherme tinha opiniões próprias, quase sempre divergentes das do pai.

Depois de completar 18 anos, Guilherme começou a participar de manifestações contra aumentos na tarifa de ônibus. No ano passado, ele apoiou a onda de ocupações de escolas contra a transferência da gestão para organizações sociais. Na última semana, participou ativamente da ocupação da reitoria da UFG.

Alexandre não aceitava que o filho participasse de protestos, pois temia que fosse preso ou morto pela polícia. Segundo ela, o cunhado tinha problemas psiquiátricos, mas não se tratava. A Polícia Civil deve concluir o inquérito em 30 dias. Como o autor do crime também se matou, o caso deve ser arquivado pela Justiça.

Conceituado


O engenheiro Alexandre José da Silva Neto era conceituado em Goiânia e nas cidades onde atuou profissionalmente. Formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Brasília (UnB), ele fez aperfeiçoamento em Paris e Londres, na Europa, e falava fluentemente, além do espanhol, francês e inglês. Consta de seu perfil profissional que Silva Neto trabalhou em projetos e obras civis em Brasília (DF), Uberlândia (MG), Goiânia e Itumbiara (GO).

Na capital federal, ele dirigiu reformas e ampliações em prédios públicos, dos ministérios da Saúde e da Marinha. O engenheiro deixou familiares em Brasília, onde desejava ser enterrado. Por decisão dos irmãos, seu corpo foi sepultado no Cemitério Vale da Paz, em Goiânia. A família não descarta um translado futuro para a capital federal, onde estão enterrados seus pais.

Por Agência Estado