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Queda de avião da Chapecoense na Colômbia deixa 71 mortos

O balanço anterior relatava a morte de 75 pessoas, mas o número final caiu para 71, depois da confirmação de que quatro passageiros não embarcaram de última hora

Setenta e uma pessoas morreram e seis foram resgatadas com vida após a queda nas proximidades de Medellín do avião que transportava a equipe da Chapecoense, que disputaria na quarta-feira a final da Copa Sul-Americana contra o colombiano Atlético Nacional.

Das 77 pessoas que partiram na segunda-feira à noite de Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), com destino a Medellín, seis levados com vida a hospitais nos arredores do município de La Unión, próximo a Cerro Gordo, zona montanhosa onde ocorreu o acidente, informou a Aeronáutica Civil em comunicado.

"As operações de busca e resgate resultaram na retirada de 71 corpos e seis sobreviventes estão sendo atendidos em centros de assistência, para um total de 77 pessoas", informou a Unidade Nacional para o Gerenciamento de Risco de desastres (UNGRD) em um comunicado.

O balanço anterior relatava a morte de 75 pessoas, mas o número final caiu para 71, depois da confirmação de que quatro passageiros não embarcaram de última hora.

Os sobreviventes são o lateral Alan Ruschel, o goleiro Jackson Follmann, o zagueiro Hélio Hermito Zamper Neto, além do jornalista brasileiro Rafael Henzel e os tripulantes Ximena Suárez, comissária de bordo, e Erwin Tumiri, técnico da aeronave.

"As equipes de resgate nos confirmam que faleceu (o goleiro) Marco Danilo Padilha no trajeto" até o hospital, após ser inicialmente resgatado com vida, declarou à AFP um fonte da Aeronáutica Civil.

Danilo era o herói da classificação histórica à final da competição, com defesa milagrosa com o pé no último minuto da semifinal contra o San Lorenzo.

O avião de matrícula boliviana CP2933 da empresa Lamia se declarou em emergência por "falhas elétricas" às 22H00 locais (1H00 de Brasília), a 50 km de Medellín.

"Conversei nesta manhã com o presidente (Michel) Temer para expressar pessoalmente minhas condolências ao povo brasileiro e oferecer nossa cooperação nestes momentos difíceis", disse o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos.

"Neste momento avançam as investigações sobre as circunstâncias exatas e possíveis causas desta triste tragédia", completou o mandatário.

As autoridades britânicas anunciaram o envio à Colômbia de três investigadores à cena do acidente de avião, fabricado pela British Aerospace.

Escala na Bolívia

A aeronave transportava nove tripulantes e 68 passageiros, incluindo os jogadores do clube de Santa Catarina, dirigentes da equipe e jornalistas. Os passageiros, oriundos do aeroporto de Guarulhos, fizeram escala em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), onde trocaram de avião rumo a Medellín.

Os trabalhos de resgate foram suspensos durante a madrugada por causa das condições meteorológicas "em una zona montanhosa de acesso muito difícil", 3.300 metros acima do nível do mar, e seriam retomados durante a manhã.

Para chegar a esta colina, as equipes de resgate precisam percorrer mais de meia hora a pé com as macas.

O governador de Antióquia, Luis Pérez Gutiérrez, confirmou que as caixas pretas foram encontradas "em perfeito estado". "Pelo estado em que o avião foi encontrado, é um milagre que haja seis sobreviventes", afirmou.

Em Chapecó, a cidade toda estava de luto, com centenas de torcedores reunidos na Arena Condá, estádio onde o time manda seus jogos.

"Estamos reunidos no estádio, recebendo as pessoas envolvidas, as pessoas que amam a Chapecoense. (...) Até agora não caiu a ficha. Estamos no aguardo, todo mundo confiando em Deus que as coisas vão acontecer dando certo para nós, e que nossa Chapecoense vai ter que continuar. É complicada a dor. Eu que estou há muito tempo envolvido na Chapecoense, sei o que passamos até aqui. Agora que chegamos, não vou dizer no auge, mas em destaque nacional, acontece uma tragédia dessas. É muito difícil, uma tragédia muito grande", afirmou, comovido, o vice-presidente do clube Ivan Tozzo.

O governo brasileiro decretou luto oficial de três dias pela tragédia.

Primeiro aconteceu uma declaração de emergência e poucos minutos depois ocorreu o acidente, afirmou à AFP um porta-voz da Aviação Civil.

Nove jogadores da Chapecoense não viajaram a Colômbia por decisão técnica e permaneceram no Brasil: Rafael Lima, Nenem, Demerson, Marcelo Boeck, Andrei, Hyoran, Alejandro Martinuccio (argentino), Moisés e Nivaldo.

Há duas semanas, o mesmo avião havia sido utilizado pela seleção argentina, com Lionel Messi a bordo, na viagem de Buenos Aires até San Juan para a partida contra a Colômbia pelas eliminatórias da Copa do Mundo da Rússia-2018. O craque argentino chegou a passar mal por causa de turbulências.

Milagre sul-americano

A Conmebol anunciou a suspensão da partida de ida da final da Copa Sul-Americana e do congresso da entidade, que aconteceria na quarta-feira em Montevidéu.

"A dor é muito grande", declarou o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, quando chegou a Medellín.

O adversário da Chape na final da Copa Sul-Americana, Atlético Nacional, manifestou sua solidariedade nas redes sociais e sugeriu até que o título do torneio seja entregue ao time catarinense.

"O Atlético Nacional convida a Conmebol a entregar o título da Copa Sul-Americana à Associação Chapecoense de Futebol como prêmio honorífico a sua grande perda e em homenagem póstuma às vítimas do acidente fatal que colocou em luto nosso esporte. De nossa parte, e para sempre, a Chapecoense é campeã da Copa Sul-Americana-2016", declarou o clube colombiano.

"Estamos no local, respeitando a operação dos organismos de resgate e tentando saber como podemos ajudar", afirmou mais cedo o presidente do clube, Juan Carlos de la Cuesta.

A classificação para a final na semana passada, com um empate de 0-0 contra o tradicional San Lorenzo da Argentina, provocou uma grande festa em Chapecó, cidade de 200.000 habitantes no oeste de Santa Catarina.

Clube fundado em 1973, a Chape fez história ao se classificar para a decisão da Sul-Americana logo na sua segunda participação a uma competição internacional.

O ;Verdão do Oeste;, que só disputa a Série A do Brasileirão desde 2014, eliminou gigantes do futebol argentino, como o Independiente, recordista de títulos na Libertadores (7), nos pênaltis nas oitavas de final, e o Junior Barranquilla nas quartas.

Nas semifinais, um empate de 1-1 na Argentina com o San Lorenzo e o 0-0 no jogo de volta carimbaram a vaga na decisão continental.

A Chape quase desapareceu há uma década. À beira da falência, a continuidade do clube parecia difícil.

Mas o clube iniciou a recuperação em 2009, quando conseguiu uma vaga na Série D. A partir de então, o time iniciou uma arrancada que, sete anos depois, transformou a Chape em sensação sul-americana.

A CBF decretou luto de uma semana e adiou a última rodada do Brasileirão, prevista para este fim de semana, para o dia 11 de dezembro. A partida de volta da Copa do Brasil, entre Grêmio e Atlético Mineiro, marcada para quarta-feira, também foi adiada, para o dia 7 de dezembro.

Por France Presse