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"Só o LGBT é punido", diz aluno do ITA que protestou em formatura

"A minha decisão de pedir licença foi baseada na perseguição deles, se eu não fizesse seria desligado", explica Talles

postado em 21/12/2016 18:19
Após o posicionamento oficial da Aeronáutica sobre o protesto do ex-aluno do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Talles de Oliveira Faria, 24 anos, no último sábado (17), durante a formatura, o jovem respondeu à nota com indignação. ;A resposta (do ITA) é vergonhosa, um insulto claro à minha pessoa. A minha decisão de pedir licença foi baseada na perseguição deles, se eu não fizesse seria desligado não só da Força Aérea, como militar, mas também do ITA, corria o risco de perder minha graduação, era óbvio que a única decisão era essa;, afirma.

[SAIBAMAIS]Sobre a justificativa do órgão de que as transgressões por ele praticadas são passíveis de punição para qualquer militar, Talles rebate. ;A questão chave é essa, não é qualquer militar que é punido, outros fazem e não são punidos. Eu fui porque não queriam a imagem da FAB associada a um LGBT, isso incomodava todos os militares homofóbicos. É passível de punição, mas só o LGBT é punido. É o discuso que cabe porque ou falam isso ou assumem que são homofóbicos, que têm um problema que precisam trabalhar, o que seria muito mais bonito, mas preferem mentir;, pondera.

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O jovem também reclamou da falta de punição ao partidarismo de outros militares, para ele mais um exemplo da perseguição que sofria na instituição. ;Vários militares dão palestras e falam mal deste ou daquele político, eles são partidários. Só eu recebi ficha de punição por esse tipo de coisa;.

Talles justificou também a sua tentativa de cursar mestrado frisando a qualidade da instituição. ;No ITA, você tem a opção de começar o mestrado junto com a graduação, pegando algumas matérias junto, claro que facilita muito. Na época, o projeto não foi aceito porque o tema não era muito difundido lá dentro e não tinha a ver com a Força Aérea. É uma instituição muito boa sim, mas tem esses problemas;.

Sobre a análise do conteúdo das publicações nas redes sociais, ele nega que seja algo habitual. "Na época, nenhuma publicação minha tinha repercussão. Não usam post do facebook de ninguém para isso. Para quem cai nessas explicações chucras, eu não tenho nada a dizer".

Sobre a repercussão do caso, Talles tem um saldo positivo. ;Não recebi mensagens de ódio, essas ficam no perfil de quem publica e eu procuro nem ler. Mas, as que estou recebendo são positivas, várias pessoas querendo saber o que aconteceu de fato, diferentes mídias entrando em contato;.

Leia a íntegra da nota divulgada:


;Inicialmente, é importante esclarecer que o ITA tem alunos militares e civis, sendo que enquanto o segundo grupo participa estritamente da formação acadêmica, o primeiro cumpre atividades militares e, portanto, subordinado às regras específicas para os militares.

Muito tem sido veiculado na imprensa sobre as alegações do recém-formado engenheiro pelo ITA e ex-militar Talles de Oliveira Faria, acerca de uma provável retaliação por parte da instituição, em função de sua opção sexual. Quanto a isso, cabe-nos esclarecer alguns fatos:

Em fevereiro de 2016, o ex-aluno requereu formalmente o licenciamento do serviço ativo da Aeronáutica. Dessa forma concluiu com sucesso seu curso superior como aluno civil. Ele alega ter sido pressionado a fazer tal requerimento, no entanto, esta foi uma decisão unilateral do próprio ex-militar, com a intenção de permanecer cursando o ITA uma vez que as diversas transgressões disciplinares que cometeu levariam a um comprometimento de sua avaliação como militar.

Cabe ressaltar que as transgressões cometidas pelo então aluno são passíveis de punição e se aplicariam a qualquer militar. Mais importante ainda é salientar que a abertura dos processos de apuração de transgressão disciplinar nada tem a ver com a sua orientação sexual, mas sim com a conduta e atitudes assumidas pelo Engenheiro Talles, as quais sujeitariam qualquer militar à punição.

Dentre tais transgressões estão a apresentação do uniforme em desalinho e a não utilização correta do uniforme. Cabe ressaltar que as punições para estas transgressões estão previstas nos regulamentos militares.

A conduta inadequada nas redes sociais, ocasiões nas quais desrespeitou símbolos nacionais e relacionou a Instituição a assuntos político-partidários, sexuais e religiosos, foi também objeto de apuração, no entanto, o engenheiro Talles não sofreu punição por este motivo.

Relembramos que a carreira militar é composta de prerrogativas, direitos, deveres e obrigações, desta forma, todos os militares são submetidos às regras que conduzem sua rotina e sua conduta. O engenheiro Talles de Oliveira Faria era consciente de seus deveres e também de seus direitos, no entanto, apesar de gozar de seus benefícios, não cumpriu plenamente seus deveres como militar da Força Aérea Brasileira.

Outro aspecto a ser salientado é o fato de o engenheiro Talles ter entrado com requerimento para a realização de mestrado no ITA, o que comprova que ele considera a escola um ambiente satisfatório para suas futuras atividades acadêmicas e desenvolvimento profissional.

Sobre o suposto monitoramento de mídias sociais, não há uma busca ativa pelos perfis dos alunos. Contudo, pelas próprias características dessas mídias, publicações de alta repercussão acabam se tornando de conhecimento da chefia de qualquer organização e podem ser levadas em consideração na apuração de um processo disciplinar, como acontece inclusive em organizações civis.

Por fim, diante de todas as oportunidades oferecidas ao ex-aluno, a Aeronáutica julga que disponibilizou opções para que pudesse prosseguir com seus objetivos acadêmicos dentro de uma das mais renomadas instituições de ensino do país. Esse fato pôde ser comprovado no último sábado, durante a cerimônia de formatura, ao entregar a Talles seu diploma de engenheiro da computação."

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