Em um país com mais de 7,3 mil quilômetros de litoral, 12 grandes bacias hidrográficas e mais de 3,6 milhões de quilômetros quadrados na chamada Amazônia Azul ; o território marítimo brasileiro ;, a pesca está longe de figurar na lista das prioridades socioeconômicas. Atualmente, o país não tem controle sobre o volume pescado, as espécies capturadas, os barcos em atividade ou o número de pescadores. A coleta de dados de desembarque de peixe deixou de ser feita em 2008. Especialistas alertam que a falta de informação traz insegurança, prejuízos e extinção das espécies.
Maria Aparecida Ramos, 51 anos, e o marido, Volnei Ramos, 61, dependem da pesca para sobreviver há 44 anos. Coordenadora do Conselho Pastoral dos Pescadores de Santa Catarina (CPP), Aparecida afirma que o descontrole prejudica toda a produção pesqueira e deixa a profissão vulnerável. ;A gente trabalha com insegurança. É uma desvalorização total do trabalho do pescador artesanal. O profissional precisa dessa organização para ter o sustento garantido;, comenta. Além disso, Aparecida ressalta a importância do monitoramento para preservação das espécies. ;O comprometimento está muito grande. Se querem a sustentabilidade da pesca para as próximas gerações, do jeito que está, não dura mais duas. Amanhã pode não existir mais nada disso.;
Até 1989, o órgão responsável pela coleta e divulgação dos dados de pesca no Brasil era o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com a justificativa de problemas financeiros, o trabalho foi interrompido no ano seguinte. A partir de 1995, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) retomou o monitoramento e criou centros regionais de geração de dados. Em 2003, mesmo com a criação da secretaria especial da Aquicultura e Pesca, o levantamento continuou entre as atribuições do órgão ambiental. Entretanto, em 2009, quando a secretaria se transformou em Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), os documentos foram repassados para pasta e, literalmente, encaixotados. Somente uma nova estimativa ; baseada em dados de séries históricas pretéritas ; foi criada e divulgada pelo já extinto MPA na forma de boletim estatístico para os anos de 2008-2009 e 2010.
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