Brasil

Ódio contra mulheres precisa ser estancado, alertam especialistas

O alerta é que apenas por meio da educação será possível modificar a cultura machista e patriarcal existente no país; centenas de manifestantes protestaram em Campinas, SP, pedindo mais empoderamento para o sexo feminino

Evelin Mendes*, Patrícia Rodrigues - Especial para o Correio
postado em 06/01/2017 08:12
Brasil ocupa 5º lugar entre 83 outros países em número de homicídios contra mulheres, de acordo com Mapa da Violência; ato em São Paulo lembrou as mortes mais recentes
Três em cada 10 mulheres nordestinas já sofreram violência em algum momento da vida. Um em cada três brasileiros acredita que a mulher é a culpada quando é estuprada. Em maio do ano passado, no Rio de Janeiro, uma garota de 16 anos foi estuprada por 30 homens. Os agressores filmaram o ato e divulgaram nas redes sociais.

Ontem, um ato em Campinas (SP) reuniu centenas de mulheres. Elas protestavam contra o caso mais chocante dos últimos dias. Na mesma cidade, Sidnei Ramis de Araújo, matou a ex-esposa, o filho de 8 anos e mais 10 pessoas na virada do ano.

[SAIBAMAIS]São dados e histórias que colocam o Brasil na quinta posição entre 83 países em número de homicídios contra mulheres, de acordo com o Mapa da Violência 2015. Trata-se de estudo coordenado pelo professor e sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, diretor de pesquisa do Instituto Sangari e coordenador da Área de Estudos sobre Violência da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flasco). A taxa brasileira é 4,8 homicídios por 100 mil mulheres, o que equivale a 48 vezes mais homicídios femininos que o Reino Unido.

O número alarmante motivou a sanção da Lei n; 13.104/15, mais conhecida como Lei do Feminicídio e que incluiu o assassinato de mulheres na lista de crimes hediondos (Lei n; 8.072/1990). Para incentivar as denúncias de agressões contra as mulheres, há 10 anos foi criada a Central de Atendimento à Mulher, o Ligue 180. Em 2015, mais de 76 mil mulheres utilizaram o serviço. ;Precisam matar as mulheres para que suas queixas sejam levadas em conta;, critica a historiadora da Universidade de Brasília Tania Navarro Swain.

Segundo a estudiosa, são necessárias ações para punir firmemente os agressores. ;Prender, aumentar as penas, impedir que os maridos ou companheiros violentos fiquem em casa enquanto as mulheres têm que fugir;. A historiadora lembra ainda que não há Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) em todas as unidades da Federação.
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