Brasil

Parentes de presos também entram na guerra entre facções

Policiais da Força Nacional encontraram dois túneis por onde eram transferidos celulares, armas e drogas em Natal (RN). Governo manda separar as facções criminosas, enquanto mulheres e crianças brigam do lado de fora do presídio

Fernando Rotta - Especial para o Correio
postado em 23/01/2017 07:43
Contêineres de 12 metros de altura foram instalados entre os pavilhões dominados pelo Sindicato do Crime e os que são ocupados pelo PCC
A guerra entre facções que já matou mais de 130 presidiários no Brasil em 2017 (quase seis por dia) pode se estender para fora das penitenciárias e aumentar a violência país afora. Além das mães e mulheres que levaram a rivalidade das gangues para os arredores do presídio, onde estão acampadas em busca de informações dos familiares, o Primeiro Comando da Capital (PCC) divulgou um vídeo em que promete levar a ;guerra à rua em todos estados do Brasil; caso o governo de Rio Grande do Norte (RN) não retire todos os integrantes do Sindicato do Crime do RN de dentro da cadeia.

[SAIBAMAIS]Policiais da Força Nacional encontraram, ontem, dois túneis por onde eram transferidos celulares, armas e drogas. Para evitar novos enfrentamentos, o governo daquele estado resolveu separar as facções. Enquanto um muro de 90 metros de extensão está sendo construído, o que deve demorar até 15 dias, contêineres de 12 metros de altura foram instalados entre os pavilhões 1, 2 e 3, dominados pelo Sindicato do Crime, e os pavilhões 4 e 5, ocupados pelo PCC. Além disso, a Polícia Civil daquele estado abriu inquérito contra 17 suspeitos de envolvimento na rebelião que começou no último dia 14. Entre eles, cinco homens são apontados como líderes do PCC.

Angústia

Do lado de fora do presídio, o clima não é muito mais ameno do que dentro. O Correio conversou com duas mulheres que estão acampadas nos arredores do presídio à espera de informações sobre seus maridos. Além da angústia pela demora por notícias oficiais dos familiares, a rivalidade entre as facções se estendeu para os familiares que estão do lado de fora. Nos últimos dias, houve enfrentamento, a maioria entre mulheres, algumas grávidas, outras com crianças. A polícia teve de separar algumas delas, que se ameaçavam com pedaços de pau e enxadas.

Segundo os relatos, cerca de 60 mulheres ainda estão dormindo em barracas nas proximidades da prisão, tomando banho e fazendo as necessidades em bares, na casa de amigos que moram em regiões próximas ou até num rio ao lado de Alcaçuz. E elas temem o pior: ;Queríamos que tirassem o PCC lá de dentro. Você já viu duas pessoas que não se gostam morar na mesma casa? Meu marido está lá dentro, no pavilhão 1, lutando pela vida, correndo perigo. É uma sensação horrível;, descreve J., mulher de um dos detentos, que preferiu não se identificar.

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