[SAIBAMAIS]Pereira foi preso no dia 13 de dezembro do ano passado em uma operação comandada pelo Gedec, grupo especial do Ministério Público Estadual que combate delitos econômicos, por extorsão e lavagem de dinheiro. O habeas corpus, com pedido de revogação da prisão, foi indeferido na segunda-feira, 30, à noite pela desembargadora Ivana David.
Segundo a denúncia feita pelos promotores, Pereira usou a empresa de uma amigo de infância chamado Renato dos Santos Neto, que chegou a ser preso juntamente com ele em dezembro, para receber pagamentos de propina feitos pela construtora Rossi Residencial S/A para liberar um condomínio com 15 torres em Santo André, na época em que ele era secretário daquela cidade.
A quebra de sigilo bancário com autorização judicial constatou que a Rossi efetuou 11 depósitos de R$ 107 mil na conta da 2 Pixels Consultoria em Sistema Ltda, que pertence ao amigo do ex-subsecretário da Receita na capital. Em seguida, os valores foram transferidos para as contas bancárias de Pereira, Neto, Fabieny Elisabeth Nery e Luiz Fernando Franco Neubern.
Aos promotores, os representantes da Rossi afirmaram que Pereira "exigiu o pagamento de vantagem indevida no valor superior a R$ 1.000.000,00 para a aprovação de empreendimento da construtora no município de Santo André, sem entraves burocráticos" e indicou a empresa 2 Pixels "para celebração de um contrato fictício, emissão de notas fiscais e depósito de vantagens indevidas".
Pereira está detido na carceragem do 31.; Distrito Policial (Vila Carrão), na zona leste da capital. O Tribunal de Justiça ainda tem outro pedido de habeas corpus pedindo a liberdade do ex-auditor, que também será analisado pela desembargadora Ivana - o MPE espera que essa solicitação também seja negada.
O criminalista Marcio Sayeg, que defende Pereira na Justiça, informa que também já fez pedidos para libertar o ex-chefe da arrecadação municipal ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e também ao Supremo Tribunal Federal (STF).
"A prisão dele não se justifica. Há dois anos ele responde a esses processos, e sempre colaborou com as investigações, comparecendo ao Ministério Público sempre que convocado, em todos os atos processuais", afirma o advogado.
Em nota, a Rossi ressaltou que "vem colaborando com as autoridades" e "é vítima" da ação do ex-secretário. A construtora diz ainda que não pode pronunciar-se porque o caso está em segredo de justiça.
ISS
Pereira já era investigado pelo MPE por integrar a chamada Máfia do ISS em São Paulo, que cobrava propina de construtoras para reduzir o valor de tributos pagos nas obras e liberar os certificados de quitação de Imposto sobre Serviços (ISS).
As investigações da Prefeitura da capital e do MPE apontam que Pereira chegou a receber entre R$ 60 mil e R$ 80 mil por semana da quadrilha que atuou entre 2006 e 2009 e era liderada pelo ex-subsecretário da Receita Ronilson Bezerra Rodrigues, seu sucessor no cargo, durante a gestão Gilberto Kassab (PSD). Ambos eram auditores de carreira e foram demitidos a bem do serviço público. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.