Moradores da região metropolitana do Recife acordaram na madrugada de ontem ao som de tiros de armas de grosso calibre e explosões durante o ataque contra uma empresa de transporte de valores localizada no bairro de Areias, Zona Oeste da cidade. O assalto, com cenas dignas de um roteiro de Hollywood, é o estopim de uma crise de segurança que vem assustando a população desde o começo do ano. O primeiro mês do ano terminou com um saldo de 479 homicídios.
[SAIBAMAIS]Segundo dados da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, os números de homicídios em janeiro deste ano já equivalem a 10,60% de todos que ocorreram no ano passado nas cidades pernambucanas. A sensação de insegurança não fica apenas nos números. A população sente de perto o resultado de uma política de segurança pública insuficiente para manter a ordem.
O decorador de festas, Fernando Carvalho, 20 anos, conta que a rotina é de medo para quem mora na capital do estado, mas que a violência não se resume aos grandes centros urbanos. ;A violência aumenta aqui a cada dia. O número de homicídios e assaltos aumentou de forma perceptível. Eu estou morando no Recife, mas vivia no interior, na cidade de Gravatá. Há três anos era possível sair na rua, andar a pé, voltar para casa de madrugada. Mas agora não é seguro ter essa rotina, pois os criminosos estão atuando até mesmo durante o dia. Você sai na rua e não vê um carro de polícia rodando. De dentro dos ônibus, podemos ver pessoas sendo assaltadas na rua. Os criminosos são bem violentos, agredindo as pessoas.;
Quatro homicídios por dia
A região metropolitana da capital registrou o maior número de homicídios, sendo que 136 pessoas foram mortas entre 1; e 31 de janeiro deste ano. Foram mais de quatro homicídios por dia durante o primeiro mês do ano. Os crimes contra o patrimônio, que incluem roubos mediante ameaça, furtos e sequestros relâmpagos, atingiram o patamar de 10.600 casos em 30 dias. Em todo o ano de 2016, foram registrados 4.479 homicídios no estado.
O professor Gilson Macedo, pesquisador do Núcleo de Pesquisas Sobre Criminalidade e Segurança Pública (NEPS), da Universidade Federal de Pernambuco, alerta que o problema da violência vem sendo agravado por erros de gestão do governo. ;Desde o ano de 2014, podemos perceber um avanço do índice de homicídios no estado de Pernambuco. Agora temos indícios de greve por parte da Polícia Militar e da Polícia Civil. Ao longo dos últimos meses, vemos a redução do número de pessoal e desarticulação de forças-tarefas que ocorriam no estado para combater o crime organizado. A ausência do investimento estatal na segurança ocorre em um momento na qual as facções criminosas que atuam nos presídios ganham espaço em Pernambuco.;
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.