Otávio Augusto - Enviado especial
postado em 23/03/2017 14:07
São Paulo - O surto de febre amarela provocou uma corrida aos postos de saúde em todo o país. Nesta quinta-feira (23/3), a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, Carla Magda Domingues, divulgou novo panorama sobre a imunização contra a doença. Ao todo, 58,5 milhões de brasileiros receberam doses da vacina. Isso equivale a 66,5% do público alvo protegido.
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Atualmente, 19 unidades da Federação têm a recomendação, incluindo o DF. Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro foram incluídas temporariamente na zona. A intenção é que 29,7 milhões de pessoas sejam imunizadas nessas regiões. "O desafio é trabalhar com coberturas homogêneas em todo o país", explica Carla.
O Ministério da Saúde ainda calcula um índice ideal de imunização e a média deve ficar entre 80% e 95%. "Não se pode querer imunizar 100% da população. A vacina pode ter efeitos adversos. As gestantes não podem tomar a vacina, por exemplo. São 3 milhões de mulheres nessa situação todos os anos", destaca. Idosos acima de 60 anos, mulheres que estão amamentando, imunodeficientes e pessoas em tratamento de câncer não devem ser vacinados.
Carla ressalta que não há razões para desespero. "Em algumas regiões temos baixa cobertura vacinal. Mas, é preciso ter cautela ao analisar os dados. Isso é uma estimativa. O indicador de cobertura mede indiretamente a captação do público alvo", conclui. Ela explicou que o sistema do Ministério da Saúde só registra a cobertura completa, ou seja, a aplicação das duas doses necessárias e que novas ferramentas estão sendo implantadas para o monitoramento rápido.
Durante seu discurso, num evento da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), em São Paulo, Carla citou algumas dificuldades. "Há descolamento de trabalhadores rurais para a cidade que se vacinaram 20 anos atrás e o serviço não tem como comprovar. Em algumas situações as pessoas mentem, dizem que não foram vacinadas para tomar mais doses que as duas recomendadas", pondera. Áreas de fronteiras, por exemplo, são zonas de difícil vacinação. Atualmente, segundo o Ministério da Saúde, Paraguai, Bolívia e Peru estão sem vacina e as pessoas estão procurando no Brasil.
Durante seu discurso, num evento da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), em São Paulo, Carla citou algumas dificuldades. "Há descolamento de trabalhadores rurais para a cidade que se vacinaram 20 anos atrás e o serviço não tem como comprovar. Em algumas situações as pessoas mentem, dizem que não foram vacinadas para tomar mais doses que as duas recomendadas", pondera. Áreas de fronteiras, por exemplo, são zonas de difícil vacinação. Atualmente, segundo o Ministério da Saúde, Paraguai, Bolívia e Peru estão sem vacina e as pessoas estão procurando no Brasil.
Mudanças no futuro
A febre amarela matou 137 pessoas desde dezembro de 2016. No total, 494 pessoas receberam diagnóstico positivo para a doença. Outras 933 situações estão em investigação. Mais de 200 municípios foram afetados. A capital federal ainda não registrou transmissão do vírus e, segundo a Secretaria de Saúde do DF, 84.593 pessoas se vacinaram até fevereiro.
A população cobra que o governo disponibilize a vacina para todos, mas a medida é descartada. "Temos de avaliar o risco-benefício. A população não pode achar que todo mundo deve tomar a vacina. Temos de vacinar quem precisa, não quem quer. Se eu vacinar o país inteiro, há o risco de ficarmos sem vacina", conclui.
Ao final do surto, as áreas de vacinação temporária devem se tornar efetivas. Há a possibilidade de haver alterações no calendário vacinal infantil, mas essa discussão está paralisada, pois os esforços estão concentrados no combate ao mal. Segundo Carla, nada está definido e o processo só será implantado a partir de 2018. O Brasil deve produzir 70 milhões de doses da vacina esse ano para evitar o desabastecimento da rede pública.
Para saber mais
Monitoramento individual
O novo padrão de monitoramento do Ministério da Saúde recomenda que os indivíduos vacinados sejam identificados nominalmente, com registro de deslocamento entre cidades e estados, e tem histórico vacinal e da caderneta de vacinação. O mecanismo funciona offline (registro no computador) e também em um sistema online numa plataforma na internet. Até o momento, o sistema está implantado em 20,3 mil salas de vacinação no país ; cerca de 55% do total. A intenção é que todos os municípios contem com o sistema até o fim do ano.
*O repórter viajou a convite da SBIM.
*O repórter viajou a convite da SBIM.