Michelle Horovits - especial para o Correio
postado em 11/04/2017 18:34
Cerca de 2,4 bilhões de pessoas não têm acesso a uma solução apropriada de saneamento básico composta por serviços de água e esgoto. Isso equivale a mais de um terço da população mundial, hoje estimada em 7,4 bilhões. Os números foram citados pelo especialista em Água e Saneamento do Banco Mundial, Tadeu Abicailil na tarde desta terça-feira, durante o Seminário Desafio hídrico e os preparativos para o 8; fórum mundial da água, promovido pelo Correio. "O mundo presencia uma grande pressão por serviços, pois a demanda está crescendo muito mais rápido que a oferta. A América Latina e o Brasil, por exemplo são grandes produtores de alimentos. Não se faz isso sem água e como este é um recurso vulnerável, esse uso entra em conflito;.
[SAIBAMAIS] Por exemplo, dos 2,4 bilhões sem solução plena de saneamento básico, 946 milhões não têm qualquer tipo de serviço ; seja de água ou esgoto ; e praticam, inclusive, a defecação ao ar livre, o que aumenta exponencialmente a incidência de doenças, principalmente em épocas de chuvas e cheias. Outra diferença marcante é a que existe nas coberturas nacionais de água (82,5%), esgoto (48,6%) e tratamento real de esgoto (39%). A falta de tratamento de esgoto faz com que poluentes sejam jogados diretamente na água ou processados em tanques sépticos desregulados, com graves consequências na qualidade dos recursos hídricos, assim como no bem-estar da população.
Diante das provas científicas cada vez mais fortes da conexão entre desmatamento, degração das florestas e mudanças nos padrões de chuva em todo o Brasil, o especialista adverte o cenário desse ano é de mais seca.
Doação voluntária
O gerente de gestão pública Socioambiental do BNDES, Eduardo Bizzo, explicou que o Fundo Amazônia já captou mais de R$ 2,9 bi em doações para projetos em ações de prevenção, monitoramento, conservação e combate ao desmatamento na região. ;É um mecanismo parecido com o REDD (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal), por pagamento por resultados. Cerca de 97% das doações são da Noruega, 2,5% da Alemanhã e 0,5% da Petrobras;, explica.
São cerca de 9 bilhões de toneladas de carbono que podem deixar de ser lançados apenas se as florestas forem mantidas em pé. ;Até 2015, o Brasil deixou de emitir 5 bilhões de toneladas apenas pelas ações para reduzir o desmatamento da Amazônia. Esta tem sido considerada pelos ambientalistas como uma das maiores contribuições para evitar as mudanças climáticas no mundo;, avalia Bizzo.
Um caso de sucesso que ajudou a solucionar a crise hídrica de São Paulo é a interligação das represas de Jaguari e Atibainha. ;O BNDES investiu mais de R$ 747 milhões para viabilizar a obra, junto com recursos do governo estadual para garantir a segurança hídrica em São Paulo;, explica sobre a obra que deve beneficiar mais de 20 cidades da região metropolitana de Campinas.