O desafio da baleia azul acendeu um alerta nas escolas e muitas estão mobilizadas em orientar tanto os alunos quanto os pais. Circulares estão sendo entregues para os estudantes chamando a atenção para o modo como o jogo estimula comportamentos negativos. ;Especialmente entre os jovens que mais precisam de cuidados psicológicos;, afirma o texto entregue aos alunos do Colégio do Sol, em Brasília, com cerca de 600 alunos, sendo que metade são adolescentes. Exatamente o público-alvo do desafio virtual que propõe 50 tarefas macabras e que podem culminar até na morte do ;participante;.
A maioria dos colégios privados está adotando o procedimento, assegura a diretora da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Amabile Pacios. Para ela, o jogo mais comentado no momento ;é uma gota no oceano entre as questões enfrentadas no mundo cibernético e ao alcance de crianças e jovens;, opina. Mas avalia que o destaque que a mídia tem dado para o tema está contribuindo para chamar mais atenção dos pais.
Ela lembra que, de acordo com o Marco Civil da Internet, o acesso às redes sociais é proibido para menores de idade. ;Se as crianças e adolescentes têm livre acesso em casa, a responsabilidade é dos pais, que devem monitorar o que os filhos acessam;, avalia. ;Não dá para aceitar que a criança ou o jovem fique acessando o computador com a porta do quarto fechada;, frisa.
A Fenep, que representa 23 sindicatos em 19 unidades da Federação, tem um trabalho contínuo de preparação da comunidade escolar, por meio de cartilhas e cursos que abordam como lidar com tudo que vem com a internet. ;Isso também passa por pedofilia e filmes pornográficos, além desses desafios, que estão se tornando populares!”, reforça a diretora da Fenep.
Na mesma linha de valorizar a capacitação, o Sindicato das Escolas Particulares do Distrito Federal (Sinepe/DF) programou, para a próxima quarta-feira, um workshop que vai tratar dos desafios para a escola na era digital, diante de temas como a baleia azul.
O diretor financeiro do Sinepe/DF, Clayton Braga, destaca que, apesar de haver a preocupação de abordar temas que os alunos enfrentam, ;não só com relação ao jogo, mas com o bullying, por exemplo;, as maiores dificuldades em solucionar esses problemas estão em conseguir a participação das famílias que ;são ausentes;.
Clayton avalia que, na escola, o aluno tem o seu tempo ocupado, mas isso nem sempre ocorre em casa. Na sua opinião, os pais deveriam dar mais responsabilidades aos filhos, o que é diferente de dar atividades, como cursos e aulas extras. ;Dar tarefas, responsabilidades e obrigações, além de participar da vida dos filhos.;
Projetos
Em meio à repercussão do baleia azul, o tema chegou ao Congresso. Foram apresentados projetos de lei que elevam a pena para quem induzir ou incentivar alguém ao suicídio por meio da internet. A deputada Eliziane Gama (PPS-MA), por exemplo, quer que a Polícia Federal apure os responsáveis pela divulgação do jogo. Há também três propostas para que seja aumentada a punição para quem utiliza a internet para incentivar pessoas a tirarem a própria vida. O deputado Fábio Sousa (PSDB-GO) propõe que a pena para esse tipo de crime possa chegar a 12 anos de detenção.Sem classificar o baleia azul como jogo, o advogado Rafael Werneck, especialista em propriedade intelectual, diz que, na verdade, trata-se de um problema. Ele defende que os pais, ao desconfiarem que os filhos estejam envolvidos com o jogo, devem pedir a quebra do sigilo de quem envia as mensagens, ;amparados pelo Marco Civil da Internet;. Ele também lembra que incitar o suicídio é crime previsto pelo artigo 122 do Código Penal. O advogado reforça que o primeiro passo é fazer o boletim de ocorrência em uma delegacia de polícia para que a investigação possa ter início.