Jacqueline Saraiva
postado em 26/04/2017 14:43
Documentos obtidos na investigação da Operação Perfídia, da Policía Federal (PF), apontam que uma das empresas do grupo pode ter realizado movimentações de mais de US$ 5 bilhões. Nesta quarta-feira (26/4), policiais miraram integrantes da quadrilha especializada em lavagem de dinheiro internacional. As ações ocorreram no Distrito Federal e em 11 estados.
A Operação Perfídia, também investiga os crimes de blindagem patrimonial e evasão de divisas com ramificações em ao menos cinco países. Cerca de 200 policiais foram às ruas para cumprir 103 mandados judiciais expedidos pela 10; Vara Federal de Brasília. Do total, foram duas ordens de prisão temporária, 46 de condução coercitiva, quando a pessoa é levada à força para prestar depoimento, e 55 de busca e apreensão.
Carlos Habib Chater, um dos primeiros alvos da Lava-Jato, dono do Posto Torre, que deu origem ao nome
da maior operação de combate à corrupção da história do Brasil, foi conduzido coercitivamente. A prima dele Claudia Chater e um funcionário dela, Edvaldo Pinto, foram presos. Carlos Chater cumpre pena, atualmente, em regime aberto. Ele foi condenado a 5 anos e 6 meses de prisão em um processo que respondia por tráfico
de drogas, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
[SAIBAMAIS]A prisão em flagrante de um jordaniano em agosto do ano passado, na imigração do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, deu início às investigações, segundo a PF. Ele desembarcou na capital federal vindo da França com um passaporte brasileiro obtido por meio de documentação falsa.
Uma primeira apuração foi feitaem dezembro daquele ano e, a partir da análise do material apreendido, a PF descobriu que o esquema era muito maior, envolvendo a movimentação de grande quantidade de dinheiro. Somente em uma das operações de compra e venda identificadas pela PF, o negócio chegou a R$ 65 milhões.
As ações da Operação Perfídia, nome que faz referência à traição e deslealdade de criminosos com o país, ocorreram no Distrito Federal, mas também foram feitas diligências na Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás, Pará, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins.
Há indícios de que os integrantes da quadrilha realizavam operações de câmbio ilegais. O grupo também dissimulava a aquisição de imóveis de alto valor e promovia a evasão de divisas. "Para isso, eles se utilizavam de "laranjas" e falsificavam documentos públicos, especialmente certidões de nascimento emitidas em cartórios no interior do Brasil", diz nota da PF.
Fraudes
O núcleo do grupo, segundo a PF, era formado por proprietários de postos de gasolina, agências de turismo, lotéricas, entre outros estabelecimentos. Os integrantes também eram responsáveis pela aquisição fraudulenta de imóveis e ativos para fins de lavagem de dinheiro. Somente em uma das operações de compra e venda identificadas pela PF, o negócio chegou a R$ 65 milhões.
Advogados, contadores, serventuários de cartórios, empregados de concessionárias de serviços públicos e até de um servidor da Polícia Federal também são apontados como apoiadores das ações criminosas.
Segundo a Polícia Federal, documentos encontrados em endereços ligados a um dos integrantes do núcleo do grupo, em ação realizada em 2016, apontam para uma empresa do tipo offshore controlada pela organização no exterior que pode ter realizado movimentações que excedem US$ 5 bilhões.
O nome de todos os envolvidos nem o que pesa sobre cada um deles não foram divulgados pela Polícia Federal , pois os detalhes da operação estão sob sigilo judicial até que todas as decisões judiciais sejam cumpridas.