Brasil

IDH de negros é igual ao que brancos tinham 10 anos atrás, aponta estudo

Situação dos negros melhorou muito nos últimos anos, mas desigualdade em relação a brancos ainda é alta. DF é a unidade da Federação com melhor índice

Natália Lambert
postado em 10/05/2017 10:33
Os dados também indicaram uma maior equilíbrio entre homens e mulheres. Em 2000, o IDHM delas era de 0,596 e passou para 0,720 em 2010
Entre os anos 2000 e 2010, os grupos mais vulneráveis tiveram a maior alta no desenvolvimento humano nos municípios brasileiros, e isso pode ter contribuído para diminuição da desigualdade no país. A informação foi divulgada, na manhã desta quarta-feira (10/5), no lançamento do relatório Desenvolvimento Humano para Além das Médias: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) por cor, sexo e situação de domicílio.
A população negra foi a que apresentou maior crescimento no índice no período analisado: 2,5% ao ano, ante 1,4% dos brancos. A diferença entre o IDHM de negros e brancos reduziu-se pela metade no período ; em 2000, o índice dos negros era 27% inferior ao da população branca e, em 2010, ele passou a ser 14,4%. Os dados também indicaram uma maior equilíbrio entre homens e mulheres. Em 2000, o IDHM delas era de 0,596 e passou para 0,720 em 2010. Os homens tinham um índice de 0,602 em 2000 e pularam para 0,719 em 2010.

Apesar dos avanços, especialistas destacam que as diferenças ainda são muito grandes e que o Brasil precisa trilhar um longo caminho para se aproximar da igualdade. A coordenadora de desenvolvimento humano nacional do PNUD, Andréa Bolzon, mostra que, por mais que tenha melhorado, os resultados em geral mostram que os homens brancos que vivem nas cidades ainda ganham mais e vivem melhor. "Tudo melhorou, as desigualdades estão menores do que eram no passado, mas ainda existe um lapso de 10 anos em termos de desenvolvimento humano, no caso dos negros, por exemplo. Os negros em 2010 estavam em um nível de desenvolvimento que os brancos estavam em 2000;, compara.

De acordo com o presidente do Ipea, Ernesto Lozardo, o estudo é uma importante base para orientar políticas públicas, especialmente, quando se olha os índices de forma desagregada. ;É preciso olhar com cuidado. De 2013 pra cá, a situação da economia piorou muito e isso muda um pouco, mas o trabalho é importante para refletirmos sobre a nossa estrutura social e pensar como reduzir as discrepâncias, inclusive, entre pessoas da própria família. Uma das maneiras de focar nisso é o investimento na educação profissionalizante. Quando o país não cresce, todos perdem. O colchão dessa sociedade é a qualificação. E esse estudo nos ajuda direcionar para quem é mais importante é essa qualificação;, defende.

O estudo, realizado pela Fundação João Pinheiro, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no Brasil (Pnud), a partir dos dados dos censos demográficos de 2000 e 2010, levantou as informações de 20 regiões metropolitanas e 111 municípios. Estão dados são analisados levando em consideração os índices de educação, renda e expectativa de vida.

Distrito Federal

O Distrito Federal é a unidade da Federação com maior Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), de 0,824, considerado muito alto no ranking (entre 0,800 e 1). A dimensão que mais contribui é longevidade, com índice de 0,873, seguido de renda (0,863) e de educação (0,742). O DF também apresenta as menores desigualdades entre homens e mulheres. Em 2010, o índice da população feminina é de 0,814 e dos homens é de 0,825, trazendo uma diferença em números absolutos de 0,011. Assim como na maioria do país, elas têm maior escolaridade, maior expectativa de vida, mas perdem no quesito salário.

Os altos índices são observados quando olhamos somente para Brasília. Quando os dados passam a englobar a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE-DF), constituída por 23 municípios, o IDHM cai para 0,792, o que derruba a região do nível muito alto de desenvolvimento para alto (entre 0,700 e 0,799). De 2000 a 2010, o IDHM da Ride passou de 0,680 para 0,792, enquanto o índice no Brasil passou de 0,612 para 0,727, respectivamente. Isso implica em uma taxa de crescimento de 16,47% para a região e 18% para o país.

IDH

Em março deste ano, o Pnud mostrou que a crise econômica fez com que o país mantivesse o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) estável, interrompendo um crescimento contínuo nos últimos 25 anos. O IDH brasileiro para 2016, baseado em dados de 2015, permaneceu em 0,754. Em uma análise entre 188 nações, o país seguiu na posição 79 do ranking e faz parte de um pequeno grupo de 16 que ficaram estagnados. O número ficou estável, principalmente, por causa queda na renda das famílias.

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