postado em 26/05/2017 12:04
O Cristo Redentor vai ficar iluminado de verde nessa sexta-feira (26/5) à noite para alertar a população brasileira sobre o glaucoma (lesão do nervo óptico que pode provocar cegueira). A doença afeta mais de 2 milhões de pessoas no Brasil, sendo que a maioria não sabe que tem glaucoma, e em torno de 60 milhões em todo o mundo. Hoje é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma. Em Salvador, o Elevador Lacerda também ficará iluminado.
Os recentes avanços no tratamento da doença glaucoma estão sendo debatidos no 17; Simpósio Internacional da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), que ocorre até amanhã (27/5) no Rio de Janeiro, com a participação de mil especialistas nacionais e estrangeiros.
O secretário-geral da SBG, Emílio Suzuki, disse que a iluminação visa a tornar o glaucoma conhecido. ;Porque nós dependemos muito do conhecimento cultural da população, para que ela vá ao oftalmologista. É a única ferramenta que consegue segurar essa doença;. Ele explicou que o nervo óptico sofre degeneração que, em geral, ocorre por aumento da pressão ocular, e a pessoa não tem sintomas.
;É uma doença assintomática, não dói. Com o tempo, como esse nervo que leva as imagens ao cérebro, para a gente poder enxergar, vai sendo degenerado, a pessoa vai perdendo a visão aos pouquinhos e, geralmente, a perda não é aguda, não é de imediato. Nem é central também. É periférica e lenta. Por isso, é muito difícil ser percebida nos estágios iniciais;. Daí a importância do diagnóstico precoce para a prevenção do glaucoma, disse Suzuki.
Fatores de risco
Um dos fatores de risco para o glaucoma é a idade. Pessoas acima de 40 anos são mais suscetíveis à doença. ;O olho foi feito para durar bem até os 40 anos. Depois dessa idade, já começa a dar alguns sinais de fraqueza, como a visão cansada para perto;. O sistema de drenagem ocular fica mais lento e falha com mais frequência em pessoas acima de 40 anos. ;Quarenta anos é uma idade importante para ter, pelo menos, uma consulta básica ao oftalmologista por ano;, recomendou.
O glaucoma tem também uma característica genética e hereditária. Existe uma associação grande entre parentes, e a chance de desenvolver a doença é mais intensa entre irmãos. Segundo Emílio Suzuki, o fato de o pai ou a mãe ter glaucoma não condena o filho a ter glaucoma. ;E o fato de ninguém ter na família também não exclui você da possibilidade de aparecer. Mas os casos familiares te colocam no grupo de risco maior;. A incidência de glaucoma entre irmãos é, às vezes, de seis a nove vezes maior do que em uma pessoa que não tem ninguém na família.
Têm mais chance ainda de desenvolver a doença os hipertensos e diabéticos, que apresentam muitas vezes problemas de vascularização do nervo óptico, além dos afrodescendentes. Em relação a esses últimos, Suzuki disse que ocorre no mundo inteiro maior chance de os afrodescendentes terem glaucoma mais agressivo e avançado. No Brasil, a miscigenação da população aumenta a incidência da doença. Não se sabe ainda a razão de indivíduos da raça negra terem glaucoma, mas estima-se que é um fator ligado à genética. Por isso, a raça negra funciona como um fator de alerta e influencia muito no diagnóstico, afirmou.
A única maneira de descobrir o glaucoma é o médico oftalmologista, porque não é só a pressão do olho que está envolvida. No início da doença, não há sintomas. Crises de glaucoma agudo, em casos esporádicos e raros, podem deixar o olho vermelho. Suzuki esclareceu, entretanto, que a vermelhidão do olho é sinal de uma gama infinita de doenças. ;Pode ser uma simples irritação, uma conjuntivite, uma úlcera de córnea, uma uveíte. Por isso é o médico que vai saber se é glaucoma ou não. De maneira geral, não é;.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 4,5 milhões de pessoas em todo o mundo ficaram cegas devido ao glaucoma. O governo brasileiro tem um programa de assistência aos portadores de glaucoma. Quase 500 mil pessoas cadastradas no programa recebem remédios de graça, destacou o especialista.
Dr. Consulta
Segundo o oftalmologista Eduardo Mariotonni, da Rede Dr. Consulta, existem dois tipos comuns de glaucomas: o de ângulo aberto primário, quando o líquido circula livremente no olho e a pressão tende a subir lentamente ao longo do tempo, e uma forma menos frequente da doença, denominada agudo ou de ângulo fechado, no qual a pressão aumenta rapidamente porque o fluxo normal de líquido dentro do olho fica bloqueado.
Mariotonni reforçou que o exame de rotina é importante porque a maioria dos pacientes com glaucoma não sente nada até que a doença esteja avançada. ;Quando o médico descobre no início, antes de o paciente ter qualquer sintoma, o tratamento é mais fácil e com mais chance de dar certo", afirmou. Segundo ele, a visão perdida devido ao glaucoma não pode ser recuperada, mas a doença pode ser controlada, diminuindo a pressão do olho como uso de medicamentos.
Elevador Lacerda
Até a próxima quarta-feira (31/5), o Elevador Lacerda, em Salvador, também recebe iluminação verde no período da noite, como forma de alertar a população para a prevenção e os riscos da doença.
Por isso, a recomendação é que sejam feitos exames periódicos com um médico oftalmologista. O tratamento, segundo o Ministério da Saúde, pode variar de acordo com o caso detectado: desde o uso de colírios até cirurgias. Quando os exames preventivos não são realizados, a doença pode avançar silenciosamente e causar cegueira.
A OMS lembra que, a cada ano, são registrados 2,4 milhões de novos casos de glaucoma no mundo.