Ana Dubeux
postado em 25/06/2017 17:22
Eu poderia dizer assim: ;É só comigo que acontece essas coisas;. Mas sei que não é. Nas últimas semanas, passei por algumas provações que são comuns a tantos brasileiros que, se fosse arriscar uma porcentagem, ela seria 99,9%. Fila, mau atendimento, falta de informação, demora excessiva. Uma amiga minha me disse recentemente que tem medo de servidor público. O outro lado do balcão te reserva infinitas surpresas quando e se você consegue chegar até lá. Não à toa.
Vou ser injusta se disser que o cidadão brasileiro é extremamente maltratado sempre que precisa usar um serviço público, aquele que ele mesmo sustenta. Mas seria apenas realista se dissesse que, na maioria das vezes, é isso que acontece. O governo sabe roubar, cobrar, errar, mas nunca aprendeu a servir (deem o desconto para as honrosas exceções, que existem, é claro).
Tente resolver uma pendência no INSS. Vá ao Detran na hora do almoço, para evitar faltar ao serviço. Amigo, vou te dizer, coisas assim são penitências e você há de concordar. Converse com o santo e troque por uma promessa. Vai por mim: Ele vai te dar troco. Não é por acaso existem os despachantes, os intermediários, as pessoas que ganham para sustentar a máxima ;não faça você mesmo;.
Não sei exatamente porque a máquina administrativa e burocrática precisa ser tão ineficaz. Trata-se de uma cultura, acredito. Nós, brasileiros, nos acostumamos a esperar por isso. A esperar horas na fila, mesmo que exista uma lei que proíba exceder 30 minutos, esperar por uma informação que tarda e falha, esperar por uma compensação que não chega.
Faz parte da vida do cidadão, desde que ele se entende por gente, ser malservido. O péssimo exemplo recai sobre os políticos e também sobre os funcionários públicos, que, muitas vezes, se comportam como se estivessem fazendo um favor enorme e pessoal. Vale a ressalva de que muitas vezes não existe retaguarda e as condições de trabalho estão longe de ser as melhores. De qualquer modo, fica o questionamento: por que mesmo tem de ser assim?