Brasil

Cerca de 30 pessoas são presas em ação contra pedofilia na internet

A ação da Polícia Federal ocorreu em 14 estados. Segundo o delegado da PF, pais, familiares, médicos, estudantes e funcionários públicos estão envolvidos nos crimes praticados contra menores na internet. Ao menos 15 vítimas foram identificadas

Jacqueline Saraiva
postado em 25/07/2017 11:01

Até por volta das 10h30, 30 pessoas haviam sido presas na Operação Glasnost, que investiga crimes de pedofilia na internet. Em entrevista coletiva, o delegado da Polícia Federal (PF) Flávio Augusto Palma Setti disse, que entre os presos da estão pais que abusavam das próprias filhas, familiares ou pessoas do convívio dos menores, um homem de 80 anos, professores, médicos, estudantes, e até funcionários públicos, do poder Executivo, que usavam computadores públicos pra compartilhar o conteúdo criminoso.

Ao menos 15 vítimas já foram identificadas, conforme a PF, mas o número pode ser ainda maior depois que a polícia fizer o balanço final das ações de hoje. O delegado afirmou ainda que o número de abusadores também pode ir além dos que constam na investigação da Operação Glasnost, nome em referência ao termo russo que significa ;transparência;. Ele afirmou que, considerando as duas fases, é uma ação de grande repercussão da PF sobre o tipo de crime. "Há repercussão em vários estados, cerca de duas centenas de alvos e presas mais de 60 pessoas entre a primeira e segunda fase (da Glasnost)", afirmou.

[SAIBAMAIS]No decorrer da investigação, a Polícia Federal identificou uma série de crimes relacionados à pedofilia nas redes sociais. O mais comum é o de compartilhamento de pornografia infantil, mas o crime vai além, com a prática de abuso de vulnerável, produção de pornografia infantil, entre outros. No decorrer da investigação, desde 2013, a PF identificou todos estes crimes entre os envolvidos.

Reincidentes

Chamou a atenção da polícia, em um dos casos investigados, a prisão de uma mulher. De acordo com a PF, ela e demais familiares e outras pessoas do convívio familiar praticavam os crimes contra menores. A PF também destacou a considerável quantidade de pessoas que já foram presas mais de uma vez pelo mesmo crime, inclusive em meio às duas etapas da investigação. "Houve casos de pessoas que tiveram a terceira prisão pelo mesmo crime", afirmou o delegado Flávio Augusto Palma Setti.

O delegado também ressaltou que a Polícia Federal seguirá com a investigação, já que o órgão tem que cumprir o seu papel, de identificar o que está acontecendo e prender os responsáveis. Ele destacou que são vários os servidores usados para o crime na internet, em vários países. Além do servidor russo, que desencadeou a Operação Glasnost, a PF afirma que segue monitorando "dia a dia e buscando identificar os responsáveis".

As investigações foram iniciadas em 2010, com a prisão de um suspeito que citou um site russo que era utilizado como uma espécie de "ponto de encontro" de pedófilos do mundo todo". A primeira fase da Glasnost ocorreu três anos depois, em novembro.

Ações em 14 estados

Na segunda fase, realizada hoje, cerca de 350 agentes federais foram às ruas para cumprir 77 ordens judiciais em 51 municípios de 14 estados brasileiros. De acordo com a Polícia Federal, do total de mandados judiciais, 72 são de busca e apreensão, três de prisão preventiva e dois de condução coercitiva, quando a pessoa é levada à força para depor. Os estados onde ocorreram as buscas são: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Ceará, Pernambuco, Bahia, Maranhão, Piauí, Pará e Sergipe.

Antes desta etapa, a PF cumpriu ainda medidas urgentes nas cidades de Osasco (SP), Presidente Prudente (SP), Porto Alegre (RS), Vila Velha (ES), Jundiaí (SP), Praia Grande (SP), Campo Grande (MS) e Cachoeira do Itapemirim (ES). As ações foram possíveis por conta da identificação de casos concretos de abusos sexuais contra crianças.

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