[SAIBAMAIS]"O resultado da reunião foi muito negativo", afirma Carlos Bocuhy, que também é presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), e esteve presente à reunião, como conselheiro. "Por interferência de órgãos estaduais, principalmente de Minas Gerais, da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Fiesp, não se sinaliza a definição de prazos para atingir padrões. Pior: está sendo proposto um dispositivo para que a discussão volte ao Conama e os prazos poderão ser reavaliados", diz.
Atualmente, conforme o Proam, a falta da adoção da melhor tecnologia para motores e a ausência de filtros adequados nos escapamentos dos veículos, que retêm o material nocivo à saúde (a chamada fumaça preta), causa a morte de quatro mil a cinco mil paulistanos por ano, além de 17 mil em todo o Estado, dos quais a maioria crianças e idosos. "Além disso, os gastos do Estado de São Paulo por problemas de saúde decorrentes da poluição chegam a R$ 300 milhões por ano. O nível de poluição de ar na cidade de São Paulo, conforme estudos recentes, é o dobro do que recomenda a OMS", afirma.
Conforme o ambientalista, a reunião do Grupo de Trabalho do Ar demonstrou que poderá não haver uma sinalização ao mercado sobre a obrigatoriedade de atingir os padrões e isso atrasará toda a mudança tecnológica necessária para alcançar os padrões da OMS, como, por exemplo, diminuir as evaporações de combustível, com novos equipamentos mais eficientes, e reduzir o material particulado de caminhões e ônibus. "O próprio Ministério do Meio Ambiente, se sucumbir aos interesses dos governos estaduais e da indústria para convalidar um prazo flexível, poderá definir na plenária do Conama uma situação inaceitável para o interesse público", ressalta.
A proposta do Proam, em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF), é de que os padrões de qualidade do ar sejam adequados, conforme as normas da OMC, em três etapas, num prazo total de nove anos.
Com a decisão do Grupo de Trabalho do Ar, a discussão será encaminhada agora à Câmara Técnica do Conama, que vai votar se acata as recomendações.