Agência Estado
postado em 02/09/2017 11:02
A Polícia Civil do Amazonas concluiu o inquérito que apurou a morte de 56 detentos, em janeiro, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, e indiciou 210 presos por envolvimento no massacre. "Nós temos nos autos relatos de testemunhas oculares informando que foi lida uma carta em uma reunião, dentro de uma das celas, determinando, de forma bem orquestrada, como se daria o massacre", afirmou ontem à imprensa a delegada Emília Ferraz.
A rebelião começou no primeiro dia do ano, quando alguns detentos do pavilhão 3, ligados à facção Família do Norte (FDN), dominaram agentes e trocaram tiros com policiais militares na área do chamado seguro, onde ficavam os presos mais vulneráveis e integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). A conclusão do inquérito é de que as mortes resultaram de uma rixa entre os grupos.
[SAIBAMAIS]"É bom ressaltar que outra motivação era o comportamento dos presos do PCC dentro do sistema prisional. Em vários depoimentos, até de agentes de ressocialização e de autoridades, ficou bem claro que eles faziam chacotas com os presos da FDN", disse a delegada. "Não obstante a rivalidade, uma motivação muito forte que todos eles apresentaram era essa, o comportamento dos internos do PCC em relação aos familiares e presos da FDN", completou Emília Ferraz.
Ordem - Segundo as investigações, os detentos Maguila e Caroço coordenaram o motim. Os dois foram transferidos no dia 11 de janeiro para presídios federais juntamente com outros 15 presos. A ordem do massacre partiu do líder da FDN, José Roberto Fernandes Barbosa, o Zé Roberto da Compensa, que cumpre pena em um presídio federal em Campo Grande.
O inquérito da Polícia Civil sobre o massacre tem 2.600 páginas e será enviado à Justiça na segunda-feira. Mas não se descartam novos procedimentos judiciais. "O conjunto fático de inquéritos trabalha com várias situações: 210 foram indiciados, mas a gente ouviu vítimas de constrangimento, tortura e outros tipos de procedimento", afirmou a delegada.