Jacqueline Saraiva
postado em 04/09/2017 07:51
Um esquema de tráfico internacional de cocaína utilizava o porto de Santos, em São Paulo, como principal ponto de saída da droga para a Europa. Funcionários de navios, do porto de Santos e de outros terminais marítimos no Brasil e em outros países eram aliciados para manter em funcionamento o negócio, realizado há pelo menos cinco anos, segundo a investigação. A operação da Polícia Federal, intitulada Brabo, cumpre hoje 127 mandados de prisão e 190 mandados de busca e apreensão.
O grupo foi responsável por traficar mais de seis toneladas de cocaína pura para a Europa durante o período da investigação, realizada desde agosto de 2016 pela PF. Do total de prisões, 120 são preventivas e 7 temporárias. Foram às ruas 820 agentes federais que fazem as buscas em São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal. As ordens judiciais foram expedidas pela Justiça Federal de São Paulo.
[SAIBAMAIS]Houve cooperação policial internacional entre a PF e a agência norte-americana de combate ao tráfico de drogas (DEA) na análise de cinco apreensões de cocaína realizadas entre os meses de agosto de 2015 e julho de 2016. Três ocorreram no porto de Santos e duas num porto na Rússia, vindas de Santos. "Por suas características levantou-se a suspeita de que um mesmo grupo tivesse sido responsável por todas as remessas, que totalizaram 2,1 toneladas", afirmou a PF em nota.
Desde o início da investigação, no ano passado, a PF realizou 14 apreensões de cocaína nos portos de Santos (SP), Salvador (BA) e Itajaí (SC). Diversas autoridades foram alertadas para interceptarem carregamentos que já haviam sido remetidos aos portos de Antuérpia (Bélgica), Shibori (Inglaterra), Gioia Tauro (Italia) e Valencia (Espanha). Essas apreensões totalizaram outras 5,9 toneladas de cocaína pura que deixaram de abastecer o tráfico europeu.
O nome da operação inclusive é o nome do porto belga. Brabo seria um soldado romano que teria libertado os habitantes da região do rio Escalda, onde se localiza Antuérpia, do jugo de um gigante e jogado sua mão no rio. A lenda deu origem ao nome da cidade.
Empresas do tráfico
A investigação aponta a existência de verdadeiras empresas criminosas para manter o esquema. De acordo com a PF, diferentes grupos organizados e especializados, atuantes no Brasil e na Europa, se associavam entre si, conforme as necessidades que tinham em cada negócio ilícito que pretendiam realizar. "A cocaína pura vinha dos países produtores para ser estocada em diversos locais na cidade de São Paulo e ser enviada à Europa pela via marítima".