Agência Estado
postado em 23/09/2017 10:06
Na Bahia, o lago de Sobradinho, terceiro maior do Brasil em volume de água, enfrenta a estiagem com apenas 5% de sua capacidade total de armazenamento, menos da metade do que tinha há exatamente um ano, quando já estava em crise. Em Goiás, a represa de Serra da Mesa, a maior do País em capacidade de armazenamento, está com somente 8% do volume que é capaz de guardar. E essa situação vai piorar.
Os cenários traçados pela Agência Nacional de Águas (ANA) apontam que, até o fim do período seco, no dia 1.; de dezembro, Sobradinho vai chegar ao nível zero, ou seja, vai atingir seu "volume morto" pela primeira vez na história. Com a cota de água no volume morto, a hidrelétrica instalada na barragem terá de ser desligada.
O pior cenário já visto em Sobradinho ocorreu no fim de 2015, quando o nível da represa chegou a 1%. As informações foram confirmadas pelo superintendente de operações e eventos críticos da ANA, Joaquim Gondim. "Sabemos que isso vai acontecer, não será surpresa. Nesse volume zero, a usina de Sobradinho terá que parar de gerar energia, porque a quantidade de água que será liberada pela barragem não chegará ao mínimo necessário para que uma turbina funcione", afirmou.
[SAIBAMAIS]No caso de Serra da Mesa, as projeções da ANA apontam que, no dia 1.; de dezembro, o reservatório estará com apenas 5% de sua capacidade de armazenamento. É uma situação desconhecida desde a formação da barragem, 19 anos atrás.
Em setembro de 2009, por exemplo, Sobradinho passava pelo período seco com 70% de sua capacidade plena, ante os 5% atuais. Nesse mesmo mês e ano, Serra da Mesa tinha 53% de seu lago cheio, sem encarar nenhum tipo de limitação. Nos últimos cinco anos, porém, as condições só pioraram.
Para administrar as crises da bacia dos Rios São Francisco e Tocantins, a ANA tem realizado reuniões semanais para tratar de Sobradinho e quinzenais para discutir Serra da Mesa. No reservatório baiano, foi instituído desde junho o Dia do Rio. Toda quarta-feira é proibida a retirada de água do reservatório para irrigação e uso industrial. "Esse programa está funcionando em todo o São Francisco, desde a cabeceira, em Três Marias, até a foz", diz Gondim.
A agência avalia a possibilidade de adotar a mesma medida para Serra da Mesa. O que já está decidido é que, durante o período seco e os meses de chuva, entre dezembro e março, a barragem do Rio Tocantins manterá vazão mínima de água, de 300 metros cúbicos por segundo, para que o reservatório possa buscar novamente seu nível de segurança hídrica, algo em torno de 30% da capacidade.
De qualquer modo, a ANA acredita que não haverá racionamento de água nos municípios que dependem das duas bacias. As restrições devem atingir a irrigação, a indústria e a navegação, além da geração de energia. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) revisou as previsões de chuvas para o Nordeste, que viu sua margem cair de 30% para 29% da média histórica para este mês. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.