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Conheça Helley Abreu, professora que morreu para salvar crianças em MG

A professora Helley deixa um exemplo de coragem e amor ao sacrificar a vida para defender as crianças e impedir que a tragédia fosse maior

Luiz Ribeiro/Estado de Minas - Enviado especial
postado em 08/10/2017 08:00

Helley foi uma pessoa marcada pela superação

Janaúba (MG) ; O professor, cujo dia será comemorado no próximo dia 15, tem como missão a arte de ensinar. Mas a professora Helley de Abreu Batista, de 43 anos, foi muito além disso: uma verdadeira heroína. Ao tentar salvar os alunos e lutar contra o vigilante Damião Soares dos Santos, de 50, que ateou fogo na creche Gente Inocente, na manhã de quinta-feira, em Janaúba, no Norte de Minas, ela sacrificou a própria vida em defesa das crianças e, com isso, impediu que a tragédia que chocou o Brasil e o mundo fosse ainda maior.

Na tarde de ontem, subiu para 10 o número de vítimas mortas na tragédia: oito crianças e Helley. O autor da agressão também morreu. O corpo de Helley foi enterrado na tarde de sexta-feira, em Janaúba, com o velório sendo acompanhado por centenas de pessoas. O corpo foi trasladado até o cemitério em um carro aberto do Corpo de Bombeiros e enterrado sob aplausos. Ela deixou três filhos: Breno, de 15, Lívia, de 12; e o bebê Olavo, de um ano e três meses.
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Uma profissional dedicada, cujo empenho transcendia o salário de cerca de R$ 1,5 mil como professora municipal em Janaúba. Esse é o perfil de Helley Abreu, que, devido à sua bravura e coragem, ganhou o noticiário do Brasil inteiro, pelo esforço que desempenhou na tentativa de salvar as crianças do incêndio na creche, o que acabou levando à perda de sua vida.

Helley foi uma pessoa marcada pela superação. Integrante de uma família de três irmãos, ela nasceu em Montes Claros (cidade polo do Norte de Minas) e, ainda na juventude, mudou-se para Janaúba, onde o pai João Rodrigues da Silva (já falecido) arrumou um emprego numa loja de móveis. Com pouco mais de 20 anos, casou-se com Luiz Carlos Batista. Ainda na juventude, experimentou uma grande tragédia pessoal. Durante uma festa de carnaval, foi com a família para um clube no balneário Bico da Pedra, onde o primeiro filho dela, Pablo, de 5, morreu afogado na piscina do clube. ;Foi muito difícil. Todo mundo da família ficou muito chocado. O meu cunhado até pensou em fazer uma besteira, mas a Helley superou;, relembra o serralheiro Paulo Rogério Abreu, irmão da professora heroína.

Com a perda da irmã, Paulo Rogério ficou desconsolado. ;Não tem o que falar. Não tenho palavras para dizer, (a morte de Helley) é uma coisa muito trágica. Ninguém esperava que pudesse acontecer. Ela também não merecia uma coisa dessa. Ela era realmente muito dedicada à família e ao trabalho;, disse o serralheiro.

Dedicação


Formada em pedagogia, Helley começou a trabalhar há alguns anos como professora municipal de Nova Porteirinha, separada de Janaúba pelo Rio Gorutuba. Inicialmente, trabalhou na zona rural, numa comunidade chamada Dengoso. Depois, trabalhou na Escola Estadual Luzia Mendes, no Bairro Dente Grande, área de baixa renda de Janaúba. No ano passado, começou o serviço na creche Gente Inocente, no Bairro Rio Novo, em Janaúba, fazendo aquilo de que mais gostava: dedicar-se aos alunos. Morava em Nova Porteirinha e todos os dias atravessava a ponte sobre o Rio Gorutuba para cuidar de ;suas crianças;, como as considerava. Não gostava de faltar ao trabalho. Também fez curso de especialização na área educacional, buscando conhecimento na área da inclusão de pessoas com deficiências.

No enterro de Helley, o marido dela fez aumentar a emoção, quando, aos prantos, encontrou forças para mencionar as qualidades da mulher. ;Ela se foi por salvar vida de crianças. Acho que a missão dela era esta, salvar vidas. Mesmo sofrendo, eu tenho que aceitar. Foi por obra de Deus. E Deus é justo;, afirmou Luiz Carlos. Ele afirmou que Helley considerava os alunos da creche como verdadeiros filhos, ;embora eles não fossem filhos biológicos dela;.

Luiz Carlos também contou que, na véspera da tragédia, uma amiga de Helley disse que ela não deveria ir à creche no dia seguinte, porque estava muito rouca. ;Mas ela respondeu: ;Eu tenho que ir para cuidar dos meus (as crianças). Não posso faltar;;, completou o marido de Helley. Nos últimos dias, a professora também estava muito emotiva por causa das comemorações da Semana da Criança.

As colegas de trabalho da professora Helley na creche Gente Inocente também enalteceram o trabalho e o companheirismo. ;Era uma pessoa que tinha muito amor às crianças. Além disso, era muito responsável;, afirmou a pedagoga Eliane Santos, que, na quinta-feira, dia do ataque à creche, estava de folga e não foi ao trabalho.

;Ela se foi por salvar vida das crianças. Acho que a missão dela era esta, salvar vidas. Mesmo sofrendo, eu tenho que aceitar. Foi por obra de Deus;
Luiz Carlos Batista, marido de Helley

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