Brasil

'Foi difícil suportar isso', diz coveiro de cemitério de Janaúba

Mesmo acostumado a lidar com a morte, Miguel Fernandes de Vasconcelos relata a tristeza pela soma de tantas vidas tiradas na tragédia

Luiz Ribeiro/Estado de Minas
postado em 11/10/2017 07:52
Único coveiro do cemitério São Lucas, Miguel relata o sofrimento com tantas mortes na tragédia
A dor provocada pela perda das vidas de nove crianças e de uma professora, vítimas do incêndio na Creche Gente Inocente, abalou até quem já convive rotineiramente com a morte.

[SAIBAMAIS]É o caso de Miguel Fernandes de Vasconcelos, coveiro do Cemitério São Lucas, onde foram enterrados os 11 corpos ; incluindo o do autor do ataque, que também deixou cerca de 40 feridos. Os pequenos ficaram sufocados na sala da creche, gritando pelas mães, como foi o caso do menino Mateus Felipe Rocha Santos, de 5 anos, a nona criança morta na tragédia, cujo corpo foi sepultado ontem em Janaúba, sob salvas de palmas e honras militares. Mateus teve 90% do corpo queimado e morreu no Hospital Joao XXIII, em BH, na madrugada de segunda-feira.
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;A gente já convive com a morte, mas, neste caso, é muita dor. É muito triste ver que tantas crianças inocentes morreram por causa de uma covardia;, lamenta Miguel. ;Sofri muito como profissional, como pai e como ser humano. Foram mortas crianças inocentes e indefesas em um ato violento. Foi difícil suportar isso;, afirma o coveiro, lembrando que nunca imaginava sepultar nove crianças em tão curto espaço de tempo. ;Morreram muitas sem ter culpa, sem saber por que, de forma tão cruel;, acrescenta.

Há cinco anos no ofício, o coveiro ganha um salário mínimo por mês. ;Sou um trabalhador como qualquer outro. A diferença é que lido com a dor e com o sentimento de sofrimento. Também sofro com as perdas das pessoas.; Junto com a dor, a tragédia trouxe sobrecarga para Miguel, o único coveiro do Cemitério São Lucas. Mas, para ele, pior do que o cansaço físico foi a soma da tristeza e dor pelas mortes de tantas crianças. ;Foi muito desgastante e me deixou com o coração comovido. Todos dias, quando fui para a casa, à noite, chorei muito;, contou.

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