Jornal Correio Braziliense

Brasil

Fraude em licitações de prefeituras na Bahia causam rombo de R$ 200 milhões

Operação da Polícia Federal investiga organização criminosa de fraude em licitações criada por prefeitos parentes entre si no extremo sul da Bahia

Uma "ciranda da propina", na definição da Polícia Federal (PF), causou um rombo de aproximadamente R$ 200 milhões aos cofres públicos em um esquema criminoso de fraude em licitações na Bahia. A Operação Fraternos, que ocorre desde o começo da manhã desta terça-feira (7/11), mira prefeitos parentes entre si, responsáveis por contratos ilegais firmados nas Prefeituras de Eunápolis, Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro, todas no extremo Sul do estado.

[SAIBAMAIS]No total, são cumpridos 81 mandados judiciais, sendo 21 de prisão temporária, 18 de condução coercitiva - quando a pessoa é levada à força para depor - e 42 de busca e apreensão. Cerca de 250 policiais federais atuam a operação, que conta com o apoio de 25 auditores da Controladoria-Geral da União (CGU), além de membros do Ministério Público Federal (MPU). As ordens foram expedidas pelo Tribunal Regional Federal da 1; região (TRF-1).

De acordo com a investigação, empresas de parentes dos prefeitos investigados eram contratas para fraudar as licitações, simulando uma competição entre elas e se revezavam nas "vitórias". "Em muitos casos, chegavam ao extremo de repassar a totalidade do valor contratado na mesma data do recebimento a outras empresas da família", afirmou a PF em nota.

Dinheiro retornava para a quadrilha

A PF afirma que, após a contratação, parte do dinheiro que era repassado pelas prefeituras era desviado, utilizando "contas de passagem" em nome de terceiros. O objetivo era dificultar a identificação de quem receberia a propina no final da negociação ilegal. Os valores desviados "retornavam para membros da organização criminosa, inclusive através repasses a empresa de um dos prefeitos investigados", segundo a investigação.

As mesmas empresas também eram utilizadas para a lavagem do dinheiro ilicitamente desviado. Em um dos casos, uma delas tinha como sócio um ex-funcionário de outra empresa que atuava no esquema. Ele teria investido R$ 500 mil na integralização do capital. A investigação, no entanto, descobriu que a renda mensal deste funcionário era de cerca de R$ 800 à época. Os investigados responderão pelos crimes de organização criminosa (Art. 2;, Lei 12.850/13), fraude à licitação (Art. 89 e 98, Lei 8.666/93), corrupção ativa e passiva (Arts. 317 e 333, CP) e lavagem de capitais (Art. 1;, Lei 9.613/98).