postado em 10/11/2017 16:02
As centrais sindicais fazem hoje (10/11) atos em diversos estados pedindo a revogação de alguns pontos do texto da reforma trabalhista aprovado em julho pela Câmara e que entra em vigor a partir de amanhã (11/11).
Em São Paulo, alguns milhares de trabalhadores estiveram na Praça da Sé, no centro da cidade, no final da manhã. Os manifestantes carregavam bandeiras, acompanhados por carros de som e balões coloridos.
;Nós queremos construir alguma coisa que seja equilibrada. Essa reforma é essencialmente empresarial, 117 artigos da cartilha empresarial. Nada contra os empresários, mas não tem nenhum artigo que tenha um foco social ou olhar sindical;, criticou o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah.
Segundo o dirigente sindical, a lei tem uma série de artigos que ;tiram direitos e precarizam a relação entre capital e trabalho;. Entre os pontos apontados como mais problemáticos, Patah citou o trabalho intermitente e o fim da homologação das demissões pelos sindicatos.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, disse que acredita na capacidade de mobilização dos trabalhadores para pressionar mudanças na legislação. ;Mais do que nunca, acho que é possível construirmos uma grande greve. Fizemos uma com 35 milhões de pessoas, podemos fazer outra;, disse, em referência ao dia de paralisações realizado em abril.
Brasília
Na capital do país, cerca de 150 pessoas, segundo a Polícia Militar (PM), participaram de uma manifestação organizada pela CUT no Espaço do Servidor da Esplanada dos Ministérios pela manhã. Tanto a PM como os organizadores classificaram o movimento como pacífico. ;Além disso, como não haverá deslocamento, não foi necessário usarmos maior efetivo;, disse à Agência Brasil o sargento Franklin Lima.
De acordo com o presidente da CUT-DF, Rodrigo Brito, a ideia é montar uma ;tribuna popular para as pessoas apresentarem os pontos que consideram importantes para o enfrentamento que em breve deve ocorrer por conta da aplicação da reforma trabalhista e da proposta de reforma da Previdência que está em tramitação no Congresso Nacional;. Na manifestação, a central coleta assinaturas para um projeto de iniciativa popular que pede a revogação da reforma trabalhista e contra a subcontratação de trabalhadores.
Um outro ato, organizado pelas demais centrais sindicais, está previsto para o final da tarde. Segundo Brito o que levou à separação dessas manifestações foi a discordância sobre a obrigatoriedade da cobrança do imposto sindical. ;Se é que podemos dizer que houve uma coisa boa nessas mudanças, foi exatamente o fim do imposto sindical, porque quem deve decidir se vai colaborar é o trabalhador, por meio de assembleias, e não o governo;, disse o dirigente da CUT.
Rio de Janeiro
No estado do Rio, diversos atos marcaram hoje o Dia Nacional de Protestos. Um ato foi realizado perto da prefeitura da capital, com a participação de trabalhadores, desempregados e sem-teto. Eles protestam pelo direito de ;se aposentar e trabalhar dignamente;, segundo o integrante da executiva da Central Sindical Popular (CSP-Conlutas-RJ), Luiz Sérgio. Ele afirmou que as manifestações também criticam a situação do estado e do município e que os servidores da saúde e da educação fizeram hoje uma paralisação de 24 horas. No fim da tarde, está previsto um ato unificado na Candelária.
Houve interrupção de trânsito no início da manhã na ponte Rio-Niterói, com incêndio de um carro; na avenida Francisco Bicalho, no Centro da capital, onde foram incendiados pneus; e na Rodovia Washington Luiz, na pista lateral sentido Juiz de Fora, na altura da Refinaria Duque de Caxias. O trânsito nos três locais foi liberado até o meio da manhã.
Os trabalhadores dos portos fizeram um ato em frente às Docas, na zona portuária do Rio, no início da manhã e realizam hoje uma espécie de ;operação tartaruga;, segundo o diretor do sindicato da categoria, Walter de Paula Filho. Para ele, as mudanças terão impacto sobre os trabalhadores de operadoras portuárias, em função da implantação do trabalho intermitente. ;Isso é um crime, o cara só receber quando trabalha, estão criando o desempregado exclusivo;, avaliou.
Funcionários do setor elétrico se reuniram na frente da Eletrobras, no centro, para protestar também contra a privatização da estatal. Houve ainda mobilizações de professores, trabalhadores da Casa da Moeda e profissionais da comunicação.
Frentes populares e sindicatos realizaram protestos também nas cidades de Nova Iguaçu e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense; em Angra dos Reis, no sul fluminense; e em Campos, no norte fluminense.