Brasil

Quadrilha é presa por comércio ilegal de ouro e trabalho escravo

PF busca quadrilha investigada por usar mão de obra em condições análogas às de escravidão para explorar e comercializar ouro ilegalmente

Jacqueline Saraiva
postado em 30/11/2017 13:45
Para aumentar a exploração de ouro, os criminosos teriam incentivado o uso em escala indiscriminada de substâncias tóxicas e metais pesados, como mercúrio e, até mesmo, cianeto
Vários empresários, políticos e agentes públicos são alvo de uma operação da Polícia Federal (PF), em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF), que investiga a exploração e o comércio ilegais de ouro e outros recursos naturais usando mão de obra em condições de trabalho análogas às de escravos. A ação, intitulada Minamata - uma referência ao envenenamento de centenas de pessoas por mercúrio ocorrido na cidade de Minamata, no Japão, nas décadas de 1950 e 1960 -, ocorre no Amapá, Rio de Janeiro e São Paulo.

No total são cumpridos 6 mandados de prisão preventiva, 5 de prisão temporária, 8 de condução coercitiva, quando a pessoa é levada à força para depor, e 30 ordens de busca e apreensão. A Justiça também determinou o bloqueio de mais de R$ 113 milhões em bens e imóveis.
[SAIBAMAIS]Algumas das empresas investigadas são Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários que atuam como intermediárias nos mercados financeiro e de capitais em todo país. Segundo a PF, os empresários utilizaram uma cooperativa de garimpeiros que se instalou na área do Lourenço, o mais velho garimpo em atividade do Brasil. "A organização criminosa aproveitava-se das políticas públicas que fomentavam a inclusão social dessas comunidades de trabalhadores para atuar de forma clandestina na extração de ouro, encobrindo propósitos de exploração em larga escala sob o argumento da pesquisa mineral e lavra artesanal de pequena monta", explicou o órgão.

Crime ambiental

Para aumentar a exploração de ouro, os criminosos teriam incentivado o uso em escala indiscriminada de substâncias tóxicas e metais pesados, como mercúrio e, até mesmo, cianeto, uma substância cujo contato pode ocasionar a morte. Os danos ambientais, segundo a PF, são incalculáveis. A investigação estima que ao menos 24 pessoas possam ter morrido, a maioria por soterramento, decorrentes de condições precárias de trabalho.
A Operação, iniciada em 2016, conta com a colaboração do Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho e Emprego, Ibama, Departamento Nacional de Produção Mineral, da Defensoria Pública da União e da Polícia Rodoviária Federal. Os investigados responderão pelos crimes de redução à condição análoga a de escravo, corrupção passiva, prevaricação, usurpação de matéria prima da União, extração ilegal de substâncias minerais, lavra ou extração não autorizada, uso ilícito de mercúrio, crime contra a fauna aquática, posse de artefato explosivo, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

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