Hellen Leite
postado em 05/12/2017 10:27
O Brasil é o país do mundo que teve mais ativistas, pequenos agricultores e sem-terra assassinados em 2016: 66 no total. O dado coloca o país no topo de um ranking indesejado: o de país mais perigoso do mundo para ativistas, seguido pela Colômbia, Filipinas, Índia e Honduras. A análise faz parte do relatório ;Ataques letais, mas evitáveis: assassinatos e desaparecimentos forçados daqueles que defendem os direitos humanos;, divulgado nesta terça-feira (5/12), pela Anistia Internacional.
No país, lembra a Anistia Internacional, "os defensores do meio ambiente que lutam contra o desmatamento e defendem os interesses de comunidades enfrentam um lobby poderoso de empresas que exploram recursos naturais, se apropriam de terras e se opõem à reforma agrária". Segundo o documento, 49% das vítimas são defensores dos direitos humanos envolvidos em questões de terra, território e meio ambiente. Nessa conta também entram indígenas e pequenos agricultores "expropriados de suas terras por interesses poderosos, ligados à exploração das riquezas naturais".
;Em 2017, esse número pode ser ainda maior. O desmonte do programa nacional de proteção a defensores e a falta de investigação e responsabilização dos ataques e ameaças sofridos pelos defensores, coloca centenas de homens e mulheres em risco todos os anos. É fundamental que o Estado brasileiro reconheça que se mobilizar para defender direitos também é um direito humano e que implemente políticas concretas para garantir a proteção dos defensores de direitos humanos." Afirma Renata Neder, coordenadora de pesquisa e políticas da Anistia Internacional no Brasil.
[SAIBAMAIS]A organização não-governamental constata que a situação, conhecida há vários anos, parece se agravar, principalmente "depois que as autoridades relaxaram na defesa dos direitos humanos". O governo brasileiro chegou a ser cobrado a adotar medidas mais eficazes de combate as violações durante a reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, em maio deste ano.
O texto diz que há um padrão contínuo de homicídios no Brasil. O documento cita a , no Pará, como um exemplo de conflito agrário que culminou na morte de 10 ativistas, em maio deste ano. Logo após a ação policial, a versão do governo é de que teria ocorrido um confronto entre os agentes e os posseiros. No entanto, nenhum dos policiais saiu ferido da operação. Familiares e sobreviventes da chacina alegaram que os policiais chegaram de forma truculenta e atiraram sem provocações.
O documento também cita o assassinato da travesti Mirella de Castro, encontrada morta em seu apartamento em fevereiro deste ano, e destaca que o Brasil tem o maior número de assassinatos de transgêneros do mundo.