Ingrid Soares
postado em 11/12/2017 21:50
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que no Brasil, 2017 foi o ano com o maior número de queimadas. Com 271.207 focos de incêndio, o ano nem chegou ao fim e já é recorde desde 1998, quando começou a série de estudos. No Brasil, em apenas 48 horas, são mais de 728 focos. Com a ajuda de satélites e em tempo real, a cada 24 horas as informações da pasta são atualizadas.
Segundo o INPE, o mês de setembro foi um dos meses com maior número de incêndios. Foram 110.988. Em período anual, o Brasil lidera o ranking de queimadas seguido da Argentina e da Bolívia aparecem com 38.810 e 34.726 focos de incêndio, respectivamente.
Em comparação com todo o ano passado, há um aumento de 44% no número de focos de calor no país. Segundo o pesquisador do Inpe Alberto Setzer, que coordena o monitoramento de queimadas no Brasil, a maioria dos casos é criminoso. Segundo ele, o Pará bateu o recorde, com mais de 64 mil focos de incêndio. Foi um aumento de 118% em relação ao ano passado. No Mato Grosso, o número também aumentou, com 44 mil focos neste ano.
Setzer relata que entre as causas das queimadas está o preparo de plantios, desmatamentos e disputas por terras. Para ele, um dos principais problemas é a falta de fiscalização. ;Campanhas educacionais ajudam. Mas vejo que o que falta mesmo não é informação, mas fiscalização. Tem que ter uma punição efetiva;, aponta.
O pesquisador ressalta que as queimadas não são um problema exclusivo do Brasil.
;Por exemplo, Portugal passou por uma situação trágica. Em outubro, diversas regiões sofreram com os incêndios, que deixaram 44 mortos. Essa semana, na Califórnia, muitas pessoas tiveram que abandonar suas casas. É um problema muito grave. Se cada um denunciasse quem pratica esse tipo de crime, reduziria bastante esse número;, avalia.
O agravamento do problema das queimadas no cerrado do Distrito Federal, Chapada dos Veadeiros e região também está em discussão pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e outros órgãos ambientais. Em nota, a pasta afirma que tem se reunido com representantes do Ministério do Meio Ambiente, da UnB, do Corpo de Bombeiros do DF e lideranças comunitárias de áreas próximas a parques ecológicos para traçar estratégias contra os incêndios florestais.
Para o coordenador de Flora do Ibram, Alisson Neves, entre os alertas dos especialistas também está o fato de que a invasão de espécies exóticas de gramíneas, como o capim braquiária (Brachiaria decubens), planta nativa da África e utilizada na pecuária, se propaga rapidamente e é forte combustível ao fogo. Os órgãos já discutem a ideia de fazer manejo do fogo, uma ação que prevê incêndios controlados antes da seca como forma de evitar desastres ambientais.
Para evitar queimadas, o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal recomenda que:
1) Ao avistar um incêndio florestal, ligue 193 e informe o local do foco;
2) Não faça fogueiras ou queimadas na área de vegetação;
3) Não jogue tocos de cigarros pela janela do carro;
4) Mantenha seu terreno livre de matos, lixos, rejeitos vegetais.