Alessandra Azevedo
postado em 24/12/2017 08:00
Com bombeiros, policiais e agentes penitenciários em greve desde a última terça-feira, o Rio Grande do Norte enfrenta uma situação caótica em plena véspera de Natal. A onda de insegurança devido à falta de patrulhamento resultou no registro de mais de 250 crimes na capital potiguar, entre saques de lojas, arrastões, roubos à mão armada e tentativas de explosão de caixas eletrônicos. Só entre quarta e quinta-feira, 36 veículos foram roubados na capital potiguar.
Nos arredores, os registros incluem assassinatos de quatro pessoas em Mossoró, segunda maior cidade do estado, na sexta-feira, além da morte do secretário municipal de Finanças e Tributação de São José do Campestre, Alan John Romão Soares, baleado ontem. No mesmo dia, o desembargador aposentado Osvaldo Soares da Cruz, ex-presidente do Tribunal de Justiça do estado, foi assaltado e vítima de sequestro-relâmpago em Taipu, a 60 km de Natal.
A situação é tão grave que o Ministério da Justiça precisou intervir para reforçar a segurança no estado. Além dos 120 profissionais da Força Nacional que já atuam na região desde janeiro, o governo federal enviou, na manhã de sexta-feira, mais 70 para tentar conter os estragos. ;O governo federal tem um compromisso inadiável de auxiliar os entes federados quando se faz necessário. Por isso, atendemos a uma solicitação do governo do RN e determinamos um reforço imediato;, disse, em nota, o ministro da Justiça, Torquato Jardim. Mesmo assim, os registros criminais não diminuem.
Além dos policiais militares e bombeiros em paralisação, os policiais civis têm realizado apenas flagrantes. Investigações e cumprimentos de mandados de prisão foram suspensos. Agentes penitenciários atuam dentro dos presídios com o efetivo mínimo de 30% e suspenderam as visitas aos presos. A poucos dias das festas de fim de ano, algumas lojas da capital só voltaram a abrir as portas na última quinta-feira, após o anúncio do governo federal, mas com horário reduzido, para tentar atender às demandas do Natal.
Policiais e bombeiros decidiram cruzar os braços em protesto ao atraso dos salários, que têm sido pagos irregularmente há 23 meses. A administração estadual aguarda a liberação de aproximadamente R$ 750 milhões prometidos pela União para resolver o problema. ;Estamos dedicados 24 horas à luta para garantir os salários a todos;, disse o governador, Robinson Faria (PSD). Segundo o governo, ;no máximo, na primeira semana de janeiro, o dinheiro chegará ao estado;.