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Brasil registra mais um caso de morte causada por febre amarela

Vítima morava em Nova Lima, na Grande Belo Horizonte. É a sexta morte no estado por conta da doença desde julho de 2017. Ministro afirma que não há risco de desabastecimento da vacina, apesar da decisão de fracionar a dose em São Paulo, Rio e Bahia

Deborah Fortuna
postado em 11/01/2018 06:00
Fechado em outubro de 2017 por conta do surto de febre amarela, o Parque Horto Florestal, na Zona Norte de São Paulo, foi reaberto ontem para o público

Mais uma morte em decorrência da febre amarela foi confirmada. Desta vez, em Nova Lima, na Grande Belo Horizonte. A vítima é um pintor de 46 anos, residente em São Paulo, que estava no município mineiro para passar as festas de fim de ano com a família. Ele foi internado com os sintomas da doença no dia 2 e morreu na sexta-feira passada. Outros ;dois novos casos de suspeitos; em bairros da região estão em investigação, segundo a prefeitura. Segundo o governo de Minas, desde julho de 2017 até o início desta semana, seis mortes por conta da doença ocorreram no estado.

Ontem, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou que não há risco de desabastecimento da vacina contra a febre amarela no país. Segundo Barros, todos os anos, o governo distribui 13 milhões de doses em áreas específicas. Apesar disso, de acordo com o Ministério da Saúde, todo o planejamento de vacinação é estratégico e, portanto, não é possível divulgar o estoque do órgão. Desde terça-feira, a pasta usa doses fracionadas da vacina em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, em uma tentativa de conter o surto.

Com a medida, a ideia é combater a expansão do vírus para áreas próximas. A fracionada tem apenas 0,1ml e pode proteger por, pelo menos oito anos, enquanto a original tem 0,5ml e imuniza pela vida inteira. Barros garantiu que a dose menor tem a mesma eficácia da integral. No ano passado, foram registrados 777 casos da doença no país, e 261 mortes. A região mais afetada é a Sudeste, com 764 casos, seguida por Norte, com 10 casos, e Centro-Oeste, três.



Na opinião do médico infectologista Julival Ribeiro, o Brasil não tem capacidade de produzir vacina em caráter emergencial, e, por isso, seria necessário que o governo tivesse feito um planejamento estratégico antes do surto. Segundo ele, apesar de a vacina fracionada funcionar, é preciso planejar a longo prazo. ;Desde 2016 estão dizendo que esse problema aumenta. Então, deveria haver um plano. Por que não se entrega vacina rotineiramente? Será que eles não analisaram isso antes?;, questionou.

Segundo Ribeiro, é necessário que a vacinação comece pelos moradores de áreas de alto risco, como, por exemplo, os de zona rural. ;Não adianta chamá-los para vir tomar vacina aqui, porque eles não vão vir. Tem que montar equipes e ir até lá para vacinar;, comentou. ;A febre amarela não está controlada porque o governo já deveria ter desenvolvido um programa. Mesmo porque a gente sabe que a doença é endêmica em algumas regiões do Brasil. Sabendo disso, por que não fizeram um planejamento para as pessoas de áreas rurais?;, comentou.

[SAIBAMAIS]O infectologista também não descarta a possibilidade de a febre amarela se tornar urbana, ou seja, sair das zonas rurais. Segundo ele, a morte de inúmeros de macacos, o vírus circulando densamente em população com baixa cobertura vacinal e índice de infestação do Aedes aegypti são fatores de risco para uma reurbanização da doença. ;Se há macacos morrendo, significa que o vírus está circulando abundantemente. Então, você tem uma população que não está bem imunizada e também tem o verão no qual o Aedes cresce. São todas essas problemáticas com que você pode na realidade ter uma febre amarela urbana;, avaliou. ;Eu vou à mata, posso ser picado pelo mosquito, e aí venho pra área urbana. E vamos supor que eu esteja com o vírus da febre, então, o mosquito pode me picar e se picar outras pessoas, e começa uma febre urbana. Infelizmente, o Brasil não toma as medidas corretas em relação à doença;, disse.

Outro problema, segundo o infectologista, é que a doença também está ligada aos impactos ambientais. Para ele, é necessário pensar os motivos da migração da doença para áreas que antes não eram consideradas de risco. ;O problema é que estamos cada vez mais adentrando as florestas, destruindo as matas, e os mosquitos querem sobreviver. É o ciclo natural;, completou. ;É uma doença grave. Muitos pacientes sobrevivem, mas, em outros, quando a doença está em um quadro grave, a letalidade é muito alta;, concluiu.


Saiba mais


1. Como se prevenir da febre amarela?

A única forma de evitar é a vacinação contra a doença.

2. A partir de quantos meses um bebê pode se vacinar?

A partir dos 9 meses.

3. Gestante pode tomar vacina?

Não.

4. Como é a transmissão?

A febre amarela é transmitida pela picada dos mosquitos transmissores infectados.

5. A doença passa de pessoa para pessoa?

Não existe transmissão de pessoa a pessoa. A doença é sempre transmitida pelo mosquito contaminado.

6. Quais são os sintomas?

Se a pessoa não está vacinada, é preciso verificar se aparece febre e dores de cabeça, no corpo ou abdominal. Nesses casos, é aconselhado procurar uma unidade de saúde

7. Como se caracteriza uma epidemia de febre amarela?

É epidemia quando a doença atinge grande parte dos municípios de um estado ou outras áreas territoriais de um país.

Fonte: Ministério da Saúde

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