Agência France-Presse
postado em 18/01/2018 16:39
A Human Rights Watch (HRW) alertou nesta quinta-feira (18/1) que a violência policial no Brasil continua desenfreada e pediu às autoridades para tomarem medidas a fim de reduzir as execuções extrajudiciais.
Segundo o informe da organização sobre a situação dos direitos humanos em 90 países, no Brasil morreram 4.224 pessoas pelas mãos da Polícia ao longo de 2016, 26% a mais que no ano anterior.
Nesse mesmo ano, 437 agentes das forças de segurança foram assassinados no Brasil, a sua maioria fora de serviço.
"Enquanto algumas das mortes causadas pela Polícia são resultado do uso legítimo da força, outras são execuções extrajudiciais", afirma a ONG.
"A Polícia no Brasil precisa desesperadamente da cooperação da comunidade para combater os altos índices de criminalidade que afligem o país", destacou María Laura Canineu, diretora da HRW Brasil.
Mas "enquanto alguns policiais agredirem e executarem pessoas impunemente, a comunidade não confiará na Polícia", acrescentou.
A ONG assinala que as execuções cometidas por alguns agentes colocam em risco a vida de seus colegas, que muitas vezes sofrem represálias durante os confrontos com criminosos.
Os negros (76,2%) e os jovens (81,8%) são as principais vítimas da violência policial.
A HRW também criticou a implementação "incompleta" da lei "Maria da Penha", que desde 2006 endureceu as condenações por violência doméstica.
"As delegacias especializadas na mulher têm recursos humanos insuficientes, geralmente fecham durante a noite e nos fins de semana, e estão concentradas nas grandes cidades", afirma o relatório.
"Milhares de casos por ano não são devidamente investigados" e "casos de violência doméstica que permanecem impunes tipicamente se agravam e podem levar à morte", acrescenta.
Em 2016, 4.657 mulheres foram assassinadas no Brasil, segundo os últimos dados da ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
No total, o país registrou 61.619 mortes violentas esse mesmo ano, uma cifra recorde.
A HRW também alertou sobre uma série de leis que são estudadas pelo Congresso e pretendem aumentar o tempo máximo de prisão de adolescentes infratores e permitir que jovens de 16 e 17 anos que cometam crimes graves sejam julgados como adultos.