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Estudo estima que 1,2 milhão de casos de câncer surgirão até 2019 no Brasil

Estudo do Inca prevê 600 mil ocorrências da doença no país só neste ano. A estimativa é de que homens serão mais afetados do que as mulheres. Especialistas avaliam o impacto do estilo de vida na incidência do mal e ensinam como reduzir riscos



Há, no entanto, vários fatores que podem estar entrelaçados no aumento de casos de câncer no país. Para o oncologista Paulo Lages, do Instituto Onco-Vida, a expectativa de vida é uma delas. Como o brasileiro, agora, tem uma longevidade maior, há também mais ocorrências de doenças atribuídas ao envelhecimento. ;Eu costumo dizer que o câncer se beneficia de todos os avanços da medicina. Antes, havia menos incidência porque as pessoas morriam cedo. Com o avanço da cardiologia, da neurologia e de todas as outras especialidades médicas, os pacientes param de morrer de outras doenças e passam a morrer de câncer;, comentou.

Outro fator, segundo Lages, é a melhora técnica da medicina. Os diagnósticos são feitos com maior precisão e há aparelhos mais modernos, além da frequência dos exames preventivos. ;É claro que tudo isso também está combinado ao estilo de vida. Hoje, com o dia a dia corrido, as pessoas priorizam menos a atividade física e a alimentação saudável. Isso certamente tem influência, nós só não sabemos contabilizar quanto;, avaliou.

Sobre os diferentes tipos de câncer para cada região do país, Lages comenta que há hábitos culturais ou desenvolvimento socioeconômico que podem explicar, a depender de onde a pessoa reside. ;No Sul, por exemplo, há o costume de tomar bebidas quentes, e acaba tendo incidência maior de câncer de esôfago, por exemplo. Da mesma forma, o Nordeste, às vezes, por ser mais pobre e pela condição sociocultural, favorece outros tipos ligados à alta incidência de HPV na região;, disse.

Hábitos

Já para o oncologista Rafael Gadia, diretor de radioterapia do Hospital Sírio-Libanês, as principais causas estão ligadas ao consumo e aos hábitos das pessoas. ;O clássico e mais bem definido é o cigarro. Tem gente que fumou muito tempo durante a vida, parou, mas a marca não sai. Assim como abuso de bebida alcoólica, principalmente associada ao cigarro. E estilo de vida, com certeza, desde o hábito alimentar quanto o sedentarismo;, explicou. Entre outros motivos, está a correlação com infecções, como é o caso do HPV. De acordo com ele, é necessário colocar numa perspectiva o número de ocorrências. ;Nós temos de ver se está aumentando ou não. A percepção é de que está, mas tem câncer que tem diminuído (a incidência) e tem tipo aumentando;, comentou.

Apesar de não haver uma justificativa absoluta sobre o motivo que leva mais homens a terem câncer do que mulheres, segundo Gadia, há hábitos que podem influenciar. ;Homens fumam mais que as mulheres, e o câncer de pulmão é algo que acontece mais para a frente. Pode ser também a exposição a agentes químicos. Mas a tendência é de que as mulheres alcancem os homens nisso;, previu.

Para que a população reduza os riscos ou aumente a detecção precoce, é necessário seguir as recomendações. ;Evitar a exposição ao tabaco e o consumo exagerado de álcool, além de mudar hábitos de vida, como sedentarismo;, ressaltou o oncologista.

;Eu costumo dizer que o câncer se beneficia de todos os avanços da medicina. Antes, havia menos incidência porque as pessoas morriam cedo. Com o avanço da cardiologia, da neurologia e de todas as outras especialidades médicas, os pacientes param de morrer de outras doenças e passam a morrer de câncer;

Paulo Lages, médico do Instituto Onco-Vida