Maiza Santos*, Letícia Cotta*, Deborah Fortuna, Marlene Gomes - Especial para o Correio
postado em 04/02/2018 08:00
Eles são volúveis, individualistas e só conhecem o mundo digital. Esse é o perfil dos 3,42 milhões de jovens no Brasil que alcançam a maioridade neste ano. Ao invés de conquistar bens materiais, essa geração prefere gastar com experiências e ;aproveitar; a vida sem preocupações em economizar para o futuro. Como vivenciaram a crise econômica, o que eles mais desejam é um bom salário. Especialistas avaliam, porém, que esses jovens ainda não estão preparados para o mercado de trabalho, e que eles devem se reinventar para ter espaço neste novo mundo. De acordo com as projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são 1,737 milhão de homens e 1,682 milhão de mulheres.
As mudanças de uma geração para a outra são acompanhadas por um cenário diferente na sociedade. Por isso, na opinião da diretora da multinacional Stanton Chase e especialista no assunto, Eline Kullock, apesar de não ser possível ainda afirmar em qual ano começa a chamada ;geração Z;, os jovens que completam 18 anos têm muitos desafios pela frente. Isso ocorre por causa da modernização das tecnologias.
;Em determinado momento, essa geração passa a não ter mais experiência com o mundo analógico. Essa será uma grande mudança;, comenta. ;Esses jovens pensam que não precisam mais ter carro, nem ter nada. É uma geração que curte. Essa é uma mudança de pensamento e do modelo mental (em comparação a outras gerações);, afirma Kullock.
Segundo a diretora, esses jovens são mais individualistas. ;Todo mundo tem duzentos amigos no Facebook, mas está sozinho. O importante é se exibir, ser inserido em determinado contexto;, analisa.
;A minha geração colecionava. Era importante ter. Para esta geração, é importante aproveitar. Antes a sociedade ensinava a poupar, e agora eles nos bombardeiam dizendo que nós devemos curtir o agora;, avalia.
Eleições à frente
O Brasil tem 1.036.686 de eleitores com 17 anos de idade, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma diferença de pouco mais de 16 mil na comparação com as últimas eleições presidenciais, em 2014. Entre os jovens com idades entre 18 e 20 anos, a maioria deles ; 59,6% ; possui título de eleitor e votou na última eleição. No entanto, na prática, a maior parte destes jovens não se envolveu com o pleito, não discutiu com familiares ou amigos os rumos eleitorais do passado e não participaoudo processo eleitoral. As conclusões são da Pesquisa entre jovens de 16 a 20 anos, realizada pelo TSE no ano passado.
Entre os pesquisados na faixa etária de 16 e 17 anos, prevaleceram as desmotivações para o ato de votar. Esse jovem ainda não necessita de mudanças e o voto é considerado como uma ferramenta insignificante, já que não enxergam as mudanças realizadas após as eleições, revela o estudo.
O presidente do Instituto de Pesquisa Locomotiva, Renato Meirelles, acredita que a falta de conhecimento histórico pesa no momento de escolher um candidato. ;Muitos vão votar sem saber de onde viemos, não viram o histórico de privações, de fome, do país. Eles têm menos parâmetros. O jeito como enxergam o mundo é diferente, se organizam por bandeiras, como o feminismo, e não por movimento partidário;, analisa o pesquisador.
Para Rui Tavares Maluf, cientista político da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, apesar de a Constituição de 1988 ter introduzido o direito de pessoas com 16 anos se inscreverem para votar, essa adesão ainda é pequena. No entanto, ele é cauteloso na hora de avaliar a consciência política da geração. ;Toda afirmação e diagnóstico podem ser levianos porque tudo pode mudar;, enfatiza.
Segundo ele, o nível de informação é maior que antes e isso torna o processo mais difícil de compreender. ;O grau de inconformidade ativa, que se traduz em mobilização social, teve uma mudança maior que há 30 anos. Dentro desse grupo sempre vai haver muitas diferenças;, explica Tavares.
Busca pela felicidade no trabalho
A modernização também trouxe mudanças para o mercado de trabalho para aqueles que querem começar uma carreira agora. Para a coach de carreira Ghislaine Sandri, as empresas buscam um profissional que esteja disponível 24h. ;Não que isso seja correto, mas tenho visto uma grande expectativa nesse sentido;, comenta. Além disso, de acordo com a coach, os pais ainda influenciam muito na carreira dos jovens e a maioria dos novos profissionais preferem escolher empregos com bons salários. ;Eles querem dinheiro, querem independência. Um jovem de 18 anos não é como um jovem há 20 anos. Em termos de trabalho, acredito que eles buscam o prazer e a felicidade na carreira;, avalia.
Porém, é necessário que o jovem se encaixe no ambiente e aceite algumas condições impostas pelo meio. ;A gente ouve falar sobre home office, mas não são todas as empresas que podem trabalhar dessa forma. Eu acho que o discurso de dizer que as instituições estão se atualizando, mas na hora do ;vamos ver;, eu acredito que as empresas ainda tenham uma expectativa de uma pessoa fidelizada, que fique muitos anos em um lugar;, disse.
De acordo com a coach, os jovens ainda não estão acostumados a diversificar as atividades, ou mesmo realizar funções adversas ao que foi combinado previamente. ;Eles são de uma geração que os pais investiram. E eles disseram: você vai estudar, não quero que você trabalhe para ter uma carreira sólida no futuro. Sendo que ele não é preparado. Uma boa intenção que acaba prejudicando. E o jovem chega ao mercado de trabalho e se depara com aquele algo a mais que tem que fazer para o qual ele não estudou, e acha humilhante;, afirma.
Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva, também rechaça a ideia de que a geração Z seja mais protegida pelos pais e pouco ativa. ;As pessoas confundem a realidade do seu círculo com o que acontece no Brasil inteiro. O comportamento das classes A e B é diferente das classes C e D. Os últimos são pessoas que trabalham e estudam, sustentam a família ou contribuem com a renda de casa. Eles já estudaram mais que os seus pais;, explica.
Para ele, uma característica marcante dessa geração é a vontade de empreender, mais do que as anteriores. ;Enquanto o país vivia uma bonança econômica, os jovens tendiam a adiar a entrada no mercado de trabalho. Depois da crise, tiveram que equilibrar estudo e trabalho ou largar os estudos. O que se nota é que os melhores profissionais são aqueles que conseguem conciliar as duas coisas;.
Sobre o comportamento no ambiente de trabalho, Meirelles diz que eles não entendem o porquê da hierarquia. ;Os nativos digitais têm uma facilidade de trabalhar utilizando a tecnologia, mas demonstram desprezo pela maneira tradicional de se trabalhar e pelos tempos dos mais antigos. Também não têm o mesmo grau de atenção dos mais velhos;, analisa.
[VIDEO1]
Desafio de filtrar a informação
Muitos jovens, como Verônica Nasr, sentem que as gerações anteriores julgam as próximas sem sequer ouvirem seu lado. ;Acho errado acharem que nós somos completamente alienados, que temos tanto acesso a conhecimento e não sabemos filtrar;, comenta. ;Mas concordo com isso, porque a maioria é assim. Por um lado, nós temos acesso a muita coisa e não sabemos aproveitar, por outro, todo mundo olha só o que tem interesse;, completa. Para ela, o defeito é justamente terem acesso à informação, mas procurarem o que não traz conhecimento útil.
A professora do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB) Jane Farias Chagas Ferreira acredita que a educação deve se reinventar para lidar com os novos estudantes. ;Por um lado, temos jovens antenados com questões que acontecem no mundo todo. Por outro, eles não olham o cenário nacional. Há uma certa alienação, apesar de terem crescido no mundo digital;, alerta.
Por conta de serem criados em um mundo extremamente competitivo, muitos jovens tendem ao isolamento e são desprovidos de habilidades sociais e emocionais, de acordo com a professora. ;Esses jovens estão perdidos no sentido de darem significado para a vida;, afirma. Além disso, na sua visão, muitos deles não sabem expressar sentimentos ou ler os sentimentos de outra pessoa. ;Há uma deficiência nessa área, por conta do isolamento social. Não sabem fazer amizade, conversar, ter uma conversa animada, expressar os próprios sentimentos ou saber o que os outros sentem;, completa.
Há também a necessidade de se aprender determinadas competências, para saberem o que fazer com aquela informação. ;A geração 2000 é hiperconectada, com uma atenção difusa, e eles têm mais acesso à educação, mas não sabem filtrar ou interpretar;, conclui Jane Ferreira. ;Esse é o ponto em que a academia precisa transpor, ensinar a selecionar e interpretar informações, não simplesmente repassar informação e conhecimento, como antigamente;, complementa a professora.
;Trabalhe amando o que faz;
Para Henrique Mendonça, morador da Asa Norte, é possível buscar um ambiente de trabalho em que as pessoas gostem de estar. ;As pessoas sempre pensam de forma exagerada quando falamos de capital. O novo capital é um modelo que, ao invés de você explorar o trabalhador, você faz com que ele trabalhe amando o que faz;, explica. Para ele, condições de trabalho saudáveis e ser respeitado não deveriam ser um diferencial mas, no mundo em que vivemos, são. Ansioso para ter sua carteira de motorista e alcançar aquela liberdade que só os habilitados têm, Mendonça também se mostra um jovem ativo. Criado em uma família católica, ele respeita todas as religiões, mas não se vincula à nenhuma: ;Eu ia quando era mais novo, fiz a primeira eucaristia; Mas nunca fui praticante;, comenta.
;Sonho de morar na Espanha;
Samara Santos sonha em morar na Espanha, mais precisamente em Madrid ou Barcelona. Mas isso só após formar-se em biologia ou veterinária. Enquanto muita gente pensa que o desejo da menina de Planaltina é somente uma fantasia de adolescente, Samara se esmera na aprendizagem do Espanhol, no Centro Interescolar de Línguas (Cil). A determinação para ir embora do Brasil é diretamente proporcional à descrença nas instituições nacionais que, segundo a jovem, não investem em infraestrutura, saúde, educação e policiamento nas ruas. ;Eu já nem acho o Brasil tão maravilhoso. Sei que em todo o mundo tem corrupção, mas aqui tem 10 vezes mais. Falta tudo. Até cuidar mais do país;, desabafa a jovem. Católica praticante, Samara afirma que virgindade é importante e que deve ser conservada até o casamento. Além disso, as meninas devem se cuidar para não engravidarem de ;gente sem futuro;. Por enquanto, a jovem ainda não tem namorado.
;Animado para aprender a dirigir;
Em um mês, Thiago Rabelo completará 18 anos. A nova idade traz a obrigatoriedade de votar, e de fazer o alistamento militar e a possibilidade de tirar a carteira de motorista. Nem o título de eleitor nem o certificado militar empolgam Thiago. O adolescente, que mora na Asa Norte, está mais interessado no documento para dirigir, principalmente porque, a partir de fevereiro, terá que se deslocar diariamente para a Faculdade Católica, em Taguatinga, onde começará o curso de medicina. ;Estou muito animado para aprender a dirigir, mas já sei o básico;, conta. A oportunidade de passar a votar, a partir deste ano, também não o empolga ;Sempre achei que o Brasil tem muito potencial, mas falta patriotismo. As pessoas vão para a rua pelos motivos errados. Não querem mudanças, mas fazer bagunça, postar uma foto nas redes sociais ou quebrar as coisas;, lamenta. Se eleição ainda é um tema que causa estranheza a Thiago, o mesmo não se pode dizer com relação à reforma da previdência. ;A reforma é necessária, não adianta reclamar;.
;Somos o futuro do país;
Isabela Gonçalves tem fé no Brasil. E isso não é clichê. A jovem acredita na força do jovem como agente de mudanças. ;Não temos voz. Somos o futuro do país, mas não dão valor para a gente;, afirma com determinação e doçura. A receita da moça para melhorar o país inclui menos rivalidade entre os grupos. ;Para construir um Brasil melhor, é preciso mais união. O pessoal da esquerda briga muito com o pessoal da direita e todos se estressam muito por causa de política;, explica. A jovem, que completa 18 anos em agosto, reivindica uma maior participação dos jovens nos debates dos problemas nacionais. As eleições, acredita, são importantes para começar o processo de transformação do país e para. ;A gente tem que votar, sim. Só assim vamos garantir um futuro melhor para todos;, analisa. Estudante do 3; ano do Ensino Médio, Isabela quer cursar a faculdade de bioquímica e ser papiloscopista. ;Sempre fui mais forte para ajudar a família;, confessa, entusiasmada com a escolha da profissão. Isabela é filha única e não tem muitos conflitos com os pais. A orientação bissexual nunca foi problema. ;Prevalece o amor;.
;Aprontei muito, tenho que mudar;
Dois dias depois de completar 18 anos, a maior preocupação de Jeferson Costa, morador de Ceilândia, é não ser preso de novo. No ano passado, ele foi enquadrado por tráfico de drogas. Agora, com a chegada da maioridade, ele espera que as coisas sejam diferentes. ;Eu já aprontei muito, mas paro para pensar que tenho que mudar. Como vou arrumar emprego? Tenho que ter mais responsabilidade;, reflete. Jeferson desistiu dos estudos quando estava no 6; ano do ensino fundamental. Embora pense em voltar para a escola, não faz planos a curto prazo. Um curso superior parece algo distante de sua realidade. ;Faculdade, eu não sei, mas faria enfermagem;, aponta.
Sua rotina se resume a um ócio que não é criativo. ;Eu fico por aí, não faço nada. Só jogo futebol, às vezes;. Jeferson vive o hoje, sem se preocupar com questões muito complexas. Ele confessa que não lê sobre política, mas está a par do que dizem e tem uma noção geral da situação, a partir do que vê e ouve. Sem candidato para as eleições, ele se decidirá depois da largada eleitoral. Com o alistamento previsto para amanhã, o exército é uma opção que ele considera no momento. ;Eu quero servir;, diz ele.
;Quero trabalhar como cineasta;
Na expectativa dos resultados do Programa de Avaliação Seriada (PAS) e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Júlia Rios Valdez, moradora de Samambaia, quer cursar Comunicação Social e se tornar uma cineasta. ;Espero conseguir realizar meu sonho de fazer filmes e conseguir trabalhar em grandes sets de filmagem, já que é isso que me apaixona;. Ao fazer um retrato de seu tempo, ela diz que há uma mudança brusca de realidade quando compara com a época em que seus pais eram crianças e adolescentes. ;A geração dos meus pais cresceu brincando na rua e mandando cartas. Hoje, nós temos jogos on-line e whatsapp;, explica. Alguns hábitos, no entanto, são mantidos, não importa a geração. ;Os jovens bebem bastante e as drogas fazem parte do cotidiano de alguns;, analisa a jovem. Mesmo assim, as diferenças são grandes. ;Acho que nossa geração é mais preocupada com a saúde e a estética;. Ela acredita que sua geração lida de uma forma muito melhor com a própria sexualidade. ;As pessoas conseguem se entender;.
;Me dedico muito à igreja;
A religiosidade é uma característica marcante de Leandro Alves da Silva. Evangélico, ele costuma frequentar as reuniões de sua congregação. ;Me dedico muito à igreja, gosto de ir aos cultos, conversar sobre nossa juventude;, conta. No 2; ano do ensino médio, ele sonha com a faculdade de medicina veterinária. Uma das responsabilidades que a maioridade traz é com o exército brasileiro. ;Eu não estou querendo me alistar. Estou querendo fugir. ;, afirma. Ainda em busca da primeira experiência no mercado de trabalho, ele quer aprender a administrar melhor o seu dinheiro. Gasta no primeiro dia toda a mesada que recebe da avó, com quem mora. Mas suas necessidades futuras exigem um planejamento. ;Eu quero abrir uma conta agora e guardar dinheiro para tirar a carteira de motorista no ano que vem;. As divergências com a avó são difíceis de evitar. ;Ela tem uma mente muito rígida e eu penso que tenho que viver minhas experiências para ser alguém lá na frente;.
;Só compro o que realmente preciso;
O sonho de ser médica motiva Tainá Moreira de Souza, moradora da Estrutural, a retomar os estudos. No ano passado, ela abandonou a escola, quando estava no 2; ano do Ensino Médio. Agora, planeja dar continuidade aos estudos e, depois, ingressar na faculdade. Por enquanto, são só planos, ela ainda não procurou saber sobre matrícula. ;Quero crescer na vida, ter uma casa, uma família estruturada, fazer faculdade e ter um bom emprego;, diz, sobre as metas para o futuro. Um fator motivacional é o desejo de ter a própria casa e a independência financeira. Ainda sem experiência profissional, ela se diz uma boa administradora. ;Eu tento escrever tudo que necessito e comprar só o que eu realmente preciso no momento;, conta. Tainá se diz preocupada com o futuro do país. ; Cada dia mais, o Brasil está indo para o buraco;. Sobre sua geração, ela não poupa críticas. ;Hoje em dia é raridade encontrar um jovem que pense no futuro;.
;Não quero mexer com papelada;
Brenda Luiza Silva Soares abandonou a escola no 1; ano do Ensino Médio. Ela culpa o desânimo e diz que pretende voltar para conseguir um estágio como jovem aprendiz. Sem muita perspectiva e pouca fé, ela fala sobre suas metas. ;Eu tenho um objetivo, mas não sei se vou chegar alcancá-lo. Eu sempre quis fazer alguma coisa que não precisasse ficar parada. Quero ser policial ou bombeira. Não quero mexer com papelada, não;, explica. Ela não se lembra de nenhum hobby, passa seus dias em casa, fazendo tarefas domésticas ou na sua rua, conversando com os amigos. ;Eu gosto de ler, mas parei por um tempo. Eu lia muito livros de mistério e essas coisas;. Ela se diz muito estressada. ;Fico pensando muito e por isso fumo, me preocupo demais;. Ela não sonha com viagens internacionais, emprego ou em constituir família. ;Meu maior sonho é ter paz em tudo, não ficar preocupada, ser feliz;, resume.
Visões diferentes sobre política, análises idênticas sobre o conflito de gerações
Victória Cunha (à esquerda) cursa enfermagem e, apesar de querer trabalhar na área, não se mostra interessada em papos sobre seu futuro como aposentada. ;Não consigo pensar em Previdência, é muito para frente;, afirma, preocupada. Não tirou o título, nem quer pensar em carro. ;Não sou muito ligada em política, nem tirei meu título de eleitor ainda. E ainda nem penso em ninguém;, confessa. A católica, no entanto, não foge do assunto de conflito de gerações. Para ela, há muito conflito, já que a maioria das famílias do Distrito Federal veio de outras regiões. ;Há bastantes conflitos, acho que é porque muitas famílias daqui vieram do Nordeste, por exemplo, então existe um conservadorismo;, explica. Segundo Victória, isso acontece porque ;existem muitas coisas que essas pessoas das gerações passadas não querem aceitar;.
Já sua amiga Genize Oliveira (à direita), que cursa farmácia e também pretende trabalhar na área, se mostra mais receptiva quando o assunto é política. ;Acho que o equilíbrio seria o conservador e o liberal juntos, sou um pouquinho de cada, dependendo do assunto;, reflete. Já com seu título eleitoral, demonstra incerteza. ;Não votei por convicção, da última vez. Foi mais ;por fazer;;, revela. Quanto à mobilidade, pretende tirar o quanto antes sua habilitação. ;Pretendo tirar esse ano, assim que der. Não estou tão empolgada, é mais por necessidade mesmo;, explica. A jovem, que não tem hábitos como fumar, revela beber socialmente, mesmo sendo evangélica. ;Eu entrei meio que recentemente nessa religião;, comenta. Quanto as gerações, concorda com a amiga. ;Existe bastante conflito. Principalmente a geração dos nossos pais e avós com a nossa. A gente tenta explicar algumas coisas que, na época deles, seria muito diferente, é errado. Minha geração é mesmo mais liberal que as anteriores;, afirma.
;Érrado achar que somos alienados;
Muitos jovens, como Verônica Nasr Freitas, sentem que as gerações anteriores julgam a sua geração sem sequer ouvirem seu lado. ;Acho errado acharem que nós somos completamente alienados, que temos tanto acesso a conhecimento e não sabemos filtrar;, comenta. Católica, mostra-se liberal contra homofobia, racismo, entre outros tópicos. ;Não deixo minha religião atrapalhar no que vou pensar;, assume. Ansiosa para dirigir um carro, a jovem revela já ter guardado dinheiro para tirar sua habilitação. ;Já tá tudo guardadinho;, afirma. Também é assim com longo prazo. ;Com certeza quero investir, porque, mesmo depois de estar aposentada, eu quero ter uma vida boa, manter meu padrão de vida;, reflete. Também preocupada com o futuro político do país, a jovem confessa ter tirado o título de eleitor, a jovem se classificou como uma liberal. ;Minha geração é mais liberal até demais para coisas que não tem necessidade, e para outras, é extremamente conservadora;, critica. Rola muita falta de interesse da nossa geração;, ressalta.
*Estagiárias sob a supervisão de Paulo de Tarso Lyra