Deborah Fortuna
postado em 28/02/2018 19:22
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) embargou nesta quarta-feira (28/2) o Depósito de Rejeitos Sólidos n;2 e a tubulação de drenagem de efluentes da área industrial da empresa Hydro Alunorte, em Barcarena (PA). A empresa também foi multada em R$ 20 milhões após o vazamento de rejeitos químicos decorrentes do processamento da bauxita, nos dias 16 e 17 de fevereiro.
[SAIBAMAIS]A posição do Ibama foi feita após um pedido do ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, em embargar as atividades da refinaria e aplicar multa, durante uma coletiva de imprensa na última segunda-feira (26/2). O problema teria começado na noite do dia 17, quando um alagamento atingiu a parte interna da empresa. Os moradores das comunidades Bom Futuro e Vila Nova denunciaram uma contaminação da água por alumínio, soda cáustica, chumbo e mercúrio. Ontem, o Ibama, em parceria com os pesquisadores do Instituto Evandro Chagas (IEC) realizaram uma vistoria na empresa.
O Ibama tinha 48h para responder o pedido do ministro. Em nota, o órgão esclareceu que foram aplicados dois autos de infração contra a Hydro Alunorte: R$ 10 milhões por realizar atividade potencialmente poluidora sem licença válida da autoridade ambiental competente, e R$ 10 milhões por operar tubulação de drenagem, também sem licença.
Na vistoria, o IEC apontou que os ;resultados físico-químicos e níveis de metais pesados mostraram que ocorreram alterações nas águas superficiais que comprometeram (sua) qualidade;. Assim, o problema teria impactado diretamente a comunidade Bom Futuro. Segundo o documento, ;as águas apresentaram níves elevados de alumínio e outras variáveis associadas aos efluentes gerados pela Hydro Alunorte;.
Até o momento, a empresa ainda não se manifestou a respeito da decisão do Ibama. Na terça-feira (27/2), o grupo Norsk Hydro, que possui 92,1% das ações da refinaria Alunorte e 100% das ações da mina de bauxita Paragominas, informou que a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), do Pará, determinou a redução de 50% da produção da empresa. A justificativa é que não houve o cumprimento de uma notificação para alcançar um metro de borda livre no depósito de resíduo da bauxita. A distância é calculada entre o topo da bacia e o nível da água.
No mesmo dia, a refinaria também afirmou que ainda é cedo para determinar o tamanho e o impacto da determinação do governo paraense, mas que poderia ter consequências operacionais e financeiras ;significativas;. A pasta também determinou multa diária de cerca de R$ 1 milhão até que a Alunorte alcançasse uma borda livre de pelo menos um metro.