Brasil

Cada mil litros de água consumido acresce R$ 169 ao PIB brasileiro

Setor agropecuário é o que mais consome. Precisa de 91,5 litros para acrescentar R$ 1 à economia, enquanto o segmento de eletricidade e gás usa 1,18 litros para somar o mesmo valor. Crise hídrica e recessão reduziram uso das famílias

Alessandra Azevedo
postado em 17/03/2018 08:00

Agricultura é a atividade menos eficiente do ponto de vista de geração de riquezas em relação ao uso de água


Para acrescentar R$ 1 ao Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, é preciso consumir, em média, seis litros de água, mostra pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em uma comparação inversa, cada mil litros consumidos trazem R$ 169 à economia. Para constatar a relação entre a geração de riquezas do país e o consumo de água, o órgão contou com dados da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Ministério do Meio Ambiente.

A relação varia de acordo com o tipo de atividade econômica. Enquanto o setor de eletricidade e gás gasta 1,18 litro de água para acrescentar R$ 1 na economia do país, por exemplo, o agropecuário precisa consumir 91,5 litros para contribuir com a mesma quantia. O setor é o que mais demanda água para agregar valor ao PIB, porque depende dela para atividades essenciais, como irrigação. As indústrias de transformação precisam de 3,72 litros para cada R$ 1 e as extrativas, de 2,54 litros para gerar o mesmo valor.

;O agronegócio demanda muita água por causa do consumo pelos animais e também para produção de alimentos;, explicou a gerente de contas trimestrais do IBGE, Rebecca Palis. Já o setor de energia recebe muita água, que é usada nas turbinas, mas consome pouca. A maior parte do volume volta para a natureza, acrescentou a especialista.

Eficiência

Em geral, o país usa pouco mais da metade dos recursos hídricos na economia e devolve para a natureza mais de 99% da água que é captada, por meio de usinas hidrelétricas, por exemplo. Outro 0,5%, o equivalente a 30,6 bilhões de metros cúbicos, é consumido por famílias e empresas. Em 2015, esse segmento usou 3,2 trilhões de metros cúbicos dos 6,2 trilhões de metros cúbicos de água disponíveis no país, pouco mais da metade. Cada metro cúbico equivale a mil litros, volume que costuma ser usado para abastecer uma caixa-d;água para uma família de seis pessoas.

A atividade menos eficiente do ponto de vista de geração de riquezas é a agricultura, que gerou apenas R$ 11 a cada mil litros consumidos em 2015. Já o setor com maior aproveitamento foi o de eletricidade e gás: R$ 846 com uma caixa-d;água. As indústrias de transformação geraram R$ 269, enquanto as extrativas, R$ 393.

Crise hídrica

O levantamento também mostrou sinais das crises hídrica e econômica. Uma das evidências é que, após ter registrado aumento, entre 2013 e 2014, o uso per capita de água pelas famílias caiu em 2015. Em 2013, cada integrante da família consumia 111 litros por dia, em média. No ano seguinte, o consumo passou para 114 litros e, em 2015, quando o país estava em recessão, encolheu para 108,4 litros.

No mesmo período, o volume de água fornecido pelos sistemas de água e esgoto para uso das famílias recuou 4,3%, e o fornecido para outras atividades caiu 3,4%. Mas as despesas das famílias com o consumo final dessa água aumentou 8,8%, enquanto o consumo para outras atividades cresceu 10,4%.

4,3%

Recuo do volume de água fornecido para uso das famílias


8,8%

Aumento das despesas das famílias com o consumo final de água

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