Brasil

Acusados de matar a travesti Dandara vão a júri popular esta semana

Assassinato da travesti foi filmado por seus algozes, que divulgaram as imagens das redes sociais

Estado de Minas
postado em 02/04/2018 17:02
Dandara foi assassinada em fevereiro de 2017. Caso ganhou repercussão mundial
Os acusados pela morte da travesti Dandara Kataryne, de 42 anos, em Fortaleza, vão nesta quinta-feira, (5/4) a júri popular para serem julgados por causa do assassinato que chocou o mundo. Dandara foi assassinada em fevereiro deste ano a chutes, pauladas e tiros. Os próprios algozes registraram as agressões num vídeo que circulou nas redes sociais.

[SAIBAMAIS]Doze pessoas são acusadas de estarem envolvidas no assassinato de Dandara, sendo quatro adolescentes. O MPCE ofereceu denúncia contra os oito adultos por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe e fútil, com tortura e impossibilidade de recurso da vítima). Dois dos acusados ainda estão foragidos, inclusive o motoqueiro acusado de ter levado a travesti para o local do crime.

As imagens do vídeo que rodou o mundo mostram algozes torturando com chutes e pauladas Dandara ; nome adotado pela travesti aos 18 anos. Liderados por um adolescente de 17 anos, os agressores colocam a travesti num carrinho de mão e a levam para a execução, com dois tiros e uma pedrada. O linchamento foi em plena luz do dia, no Bairro Bom Jardim ; a cerca de quatro quilômetros da casa de Dandara.

;Não queremos que Dandara seja mais uma estatística. Esse poderá ser um caso emblemático. Apesar de não haver tipificação de crime homofóbico, essa motivação fica clara;, afirma o promotor da 1; Promotoria do Tribunal do Juri do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), Marcus Renan Palácio. O MP pede condenação pela pena máxima para homicídio, 30 anos.

Na denúncia, o promotor descreve: ;Logo após descer daquele veículo, Dandara foi submetida a extremo sofrimento físico face às agressões corporais que se lhe impuseram os acusados, os quais, impiedosamente, a espancaram, a mais não poder, sem qualquer sentimento de piedade e humanitário no que se constituiu numa verdadeira barbárie;.

Em março, a Redação refez os caminhos da travesti cujo brutal assassinato se tornou símbolo de luta no país que mais mata transexuais. Em novembro, o filme ;Dandara;, uma co-produção da produtora Mult e do Jornal Estado de Minas, venceu o Prêmio Canal Brasil de Incentivo ao Curta-Metragem, no Festival Mix Brasil de Cinema da Diversidade. No sábado (7/4), ele será exibido na II Mostra Internacional de Cinema em Cores, no Cine Humberto Mauro.

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