A Anistia Internacional pediu ao governo brasileiro que esclareça o assassinato da vereadora e defensora dos direitos humanos Marielle Franco, um mês após sua execução. Mulher negra que denunciava o racismo na sociedade brasileira e mãe solteira, Marielle Franco surpreendeu muitos ao ser eleita vereadora em 2016. Ela ganhou fama como ativista dos direitos humanos, particularmente por denunciar a violência policial nas comunidades.
Seu assassinato em 14 de março ainda não foi esclarecido, apesar das promessas do governo.
"A sociedade precisa saber quem matou Marielle e por quê. A cada dia que passa e este caso permanece sem resposta, o risco e ameaças em torno dos defensores e defensoras de direitos humanos aumentam", declarou Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil, em comunicado.
"O Estado deve garantir que o caso seja devidamente investigado e que tanto aqueles que efetuaram os disparos quanto aqueles que foram os autores intelectuais deste homicídio sejam identificados. Caso contrário, envia uma mensagem de que defensores de direitos humanos podem ser mortos e que esses crimes ficam impunes", acrescentou.
"O Brasil é um dos países onde mais se mata defensores de direitos humanos. Só em 2017, foram pelo menos 58 assassinados", indicou a organização.
Marielle foi morta no bairro do Estácio, na região central da cidade, com quatro tiros na cabeça, após sair de um encontro de mulheres negras na Lapa (centro). No ataque também morreu o motorista do carro que a conduzia, Anderson Gomes.
No sábado, exatamente um mês depois do crime, vários eventos estão programados, incluindo uma homenagem ao nascer do sol e uma passeada ao final da tarde refazendo o percurso de Marielle naquele dia fatídico.
No dia 8 de maio, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA), vai discutir em Santo Domingo, na República Dominicana, a questão da violência contra pessoas defensoras dos direitos humanos no contexto do assassinato de Marielle.