Agência Estado
postado em 25/04/2018 10:17
Policiais civis deflagraram nova operação na manhã desta quarta-feira (25/4) contra milicianos que atuam na zona oeste do Rio de Janeiro. Pelo menos 14 pessoas foram presas por ligação com a milícia. O objetivo da ação é desmantelar o braço financeiro da quadrilha.
A Polícia Civil age dessa vez em parceria com órgãos públicos que controlam ou fiscalizam atividades paralelas nas quais o grupo criminoso está envolvido, entre elas o transporte ilegal em vans, venda e distribuição de gás e combustível, retirada ilegal de barro e comércio de mercadorias falsificadas. Os agentes recebem apoio da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e do Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Detro).
Nessa terça-feira (24/4), o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) requereu à Justiça a revogação da prisão preventiva de 138 dos 159 presos durante uma festa realizada no dia 7 de abril em Santa Cruz, na zona oeste, acusados de integrar uma quadrilha de milicianos. De acordo com o MP-RJ, não existem provas que permitam o oferecimento de denúncia contra eles.
Segundo a 20; Promotoria de Justiça de Investigação Penal da 1; Central de Inquéritos, autora do pedido apresentado à 2; Vara Criminal Regional de Santa Cruz, será oferecida denúncia contra apenas 21 dos 159 presos. Por isso, há necessidade de manter a prisão preventiva desses, mas os demais devem ser libertados.
Os 159 homens foram presos durante um evento público realizado no Sítio Três Irmãos. Qualquer pessoa que comprasse ingresso podia entrar e ver os shows das bandas Pique Novo, Swing & Simpatia e Samba de Amor. Durante o evento, policiais civis chegaram e prenderam as 159 pessoas. Houve tiroteio, que resultou em quatro mortes - as vítimas fatais seriam seguranças da milícia Liga da Justiça.
Até agora, o único libertado foi o palhaço Pablo Dias Bessa Martins, de 23 anos, que mora durante a maior parte do ano na Europa, onde trabalha, e estava de férias no Rio. Os outros 158 estão presos no complexo penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio. Embora já solto, Martins está na lista dos 138 detidos que o MP pediu para libertar.
No pedido de revogação das prisões, o Ministério Público reconhece que havia integrantes do primeiro escalão da milícia que controla o crime organizado em Santa Cruz e que a troca de tiros que ocorreu durante a ação policial comprova isso. Os tiros contra a polícia partiram de homens que estavam na portaria do sítio, de um carro com três ocupantes estacionado na porta e também de dentro do sítio, o que segundo os promotores atesta que havia criminosos ali.
Para o MP, esse fato e ainda a existência de fuzis, pistolas e uniformes privativos das forças de segurança no sítio justificam o auto de prisão em flagrante lavrado pelos policiais e a concessão, pela Justiça, da prisão preventiva, autorizada em audiência de custódia no dia 9 de abril.
Entretanto, após analisar as provas e a conduta dos suspeitos e realizar investigações, o Ministério Público fluminense entendeu que a prisão daqueles contra os quais não há provas suficientes para oferecimento de denúncia deve ser revogada. Agora o caso será avaliado pela 2; Vara Criminal Regional de Santa Cruz.
A Defensoria Pública do Estado do Rio também defende a revogação da prisão da maioria dos 159 detidos. Depois de recorrer a outras instâncias da Justiça e ter seu pedido negado, a Defensoria ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) um habeas corpus, pedindo a libertação de Vinicius Guedes de Almeida, de 20 anos.
Almeida é atendente de uma unidade da rede de restaurantes Giraffas, no Barra Shopping, na Barra da Tijuca (zona oeste). Segundo a Defensoria, ele tem carteira de trabalho assinada, endereço fixo, é réu primário e está em dia com as obrigações perante as Forças Armadas.
Diante dessas circunstâncias, e também porque, segundo a Defensoria, a prisão foi ilegal por causa de diversas circunstâncias, a Defensoria requer ao STF que relaxe a prisão de Almeida e determine a expedição de alvará de soltura, para que ele responda à acusação em liberdade. O pedido é assinado pelo defensor público Pedro Paulo Lourival Carriello.
Até a última segunda-feira (23/4) a Secretaria de Segurança insistia que todos os 159 homens foram presos em flagrante.