Otávio Augusto, Bruno Santa Rita*
postado em 27/04/2018 06:00
Nem sempre se assumir negro ou pardo foi fácil. Vítimas de preconceito e discriminação, muitos preferiram um dia mascarar a raça. Fernanda explica o que está ocorrendo. ;Isso significa um maior grau de conscientização. Estamos reconhecendo que somos negros;, argumenta. Ela acredita que sempre existirá preconceito contra os negros, porém de forma mais branda. ;Temos novas leis, as próprias faculdades estão se politizando para o assunto;, comemora. No DF, 61% das pessoas se declaram negras ou pardas.
[SAIBAMAIS]Antônio de Pádua, presidente da Rede Urbana de Ações Socioculturais (Ruas), entidade que trabalha questões do movimento negro e de periferias, acredita que a busca por direitos e autoafirmação faz com que mais pessoas se identifiquem como negras. ;A militância dos movimentos sociais têm influenciado esse aumento. A difusão da cultura negra na sociedade também colabora, e o jovem tem carregado isso com mais força;, explica.
Para ele, o preconceito é impulsionado pelo coletivo. ;Quando se cria um padrão de cabelo, roupa e comportamento, a sociedade automaticamente tem uma reação de renegar o diferente. O mercado do marketing é responsável por isso. É raro ver um modelo negro liderando uma campanha publicitária. Na televisão, não temos artistas negros nem professores negros na universidade;, destaca.
Idosos
A população idosa brasileira cresceu a uma média de 1 milhão por ano de 2012 a 2017. Nos últimos cinco anos, a população com 60 anos ou mais subiu de 25,4 milhões para 30,2 milhões ; alta de 18,8%. A maior concentração de idosos foi registrada das regiões Sul e Sudeste, com 16,5% e 16%, respectivamente. No Brasil, essa faixa etária representa 14,6%. As regiões com menor percentual de idosos são o Norte (9,7%) e o Centro-Oeste (12,7%). O Nordeste registrou 13,6% de habitantes acima de 60 anos, de acordo com a pesquisa.Na capital federal, o número de habitantes com 60 anos ou mais, que estava em declínio desde 2015, voltou a aumentar, chegando a 12% de crescimento. A analista do IBGE Maria Lúcia Vieira, gerente da Pnad, classifica a estatística como ;esperada;. ;É um fenômeno que está acontecendo no mundo todo. Está havendo o aumento da expectativa de vida, e as pessoas não estão nascendo;, explica.
Para a costureira Maria José de Melo, 65 anos, os investimentos em políticas públicas, como no transporte, precisam aumentar. ;Não há uma organização nos ônibus para abrigar os idosos com responsabilidade. Ficamos todos amontoados sem passar a catraca;, reclama. Ela conta que pega ônibus da Asa Sul para a Asa Norte e sempre se depara com essa situação. ;A cidade não está preparada para lidar com o aumento do número de idosos;, pondera. (OA e BSR)
*Estagiário sob a supervisão de Roberto Fonseca