Brasil

Pnad: cerca de 28% dos brasilienses moram em residências alugadas

A explicação para a tendência de mercado está no valor do metro quadrado. No Sudoeste, por exemplo, chega a R$ 11 mil

Bruno Santa Rita* , Otávio Augusto
postado em 27/04/2018 06:00

Rodoviária do Plano Piloto lotada: como muitos moradores passam somente uma parcela da semana em Brasília, o mais viável é alugar um imóvel

Uma das características dos 3 milhões de habitantes de Brasília é o pagamento de aluguel, revela a Pnad. Na capital federal, o número de residências alugadas está acima da média nacional, representando 28,2% no DF, enquanto no Brasil a taxa é de 17%. A explicação para a tendência de mercado está no valor do metro quadrado. No Sudoeste, por exemplo, chega a R$ 11 mil. Em outros estados, imóveis na beira da praia, o custo é menor: R$ 5 mil. O índice revela outro aspecto. Somente 54,9% dos habitantes têm casa própria ; menor percentual entre todas as unidades da Federação.

[SAIBAMAIS]O custo-benefício do aluguel, explica o supervisor de Documentação e Disseminação de Informações do IBGE, Pedro Augusto Carvalho Franco, faz com que as pessoas desistam da compra. ;O número de imóveis alugados no DF sempre foi acima da média nacional. Isso se explica por conta do preço do metro quadrado ser um dos mais caros do país;, destaca.

O corretor Marcos Siqueira trabalha há nove anos com venda, aluguel e avaliação de imóveis. ;Brasília é uma cidade atípica. As pessoas vêm de fora para estudar ou trabalhar. É absurdamente maior a procura pelo aluguel do que pela compra. Existe um mercado de investidores que compram imóveis para alugar estimulados por essa procura;, pondera.

Maria Lucia Vieira, gerente da Pnad, destaca que muitos moradores passam somente uma parcela da semana na cidade. Assim, o mais viável é alugar um imóvel. ;Há pessoas que trabalham ou estudam no DF, mas as famílias estão em outros lugares. Nos fins de semana, elas retornam para o local de origem, por isso, não veem necessidade de adquirir o imóvel;, acrescenta. Um destaque para o tipo de domicílio do DF. Aqui está a maior porcentagem de apartamentos: 31,4%. O percentual é quase três vezes maior que o índice nacional de 13,2%.

Mahila Ames, de 25 anos, decidiu sair da casa dos pais para ter mais independência. Como já mantinha uma relação séria com o namorado, o professor de inglês Bruno Albuquerque, 25 anos, decidiu alugar uma quitinete na 914 Norte. ;A gente já estava havia um tempo juntos e decidimos morar juntos;, conta. Eles optaram pelo aluguel porque têm planos de deixarem Brasília. ;A gente não quer ficar aqui. Nossa intenção é fazer intercâmbio fora do país;, explica. O casal mora junto há dois anos.

Casa emprestada

O número de domicílios cedidos cresceu 7% em relação a 2016, chegando a 6,1 milhões de lares no Brasil. O movimento foi mais forte nas regiões Sudeste (alta de 13%) e Norte (12,9%). Em São Paulo, o crescimento ficou em 15,6%, com 193 mil domicílios cedidos a mais na passagem de 2016 para 2017. No Rio, o avanço foi de 11,4%, ou 42 mil lares a mais. Ainda assim, a maioria das moradias do país pertence aos próprios moradores: 67,9% do total de domicílios são próprios e já foram quitados, enquanto 5,6% do total são próprios e ainda estão sendo pagos.

Maria Lúcia Vieira explica que o domicílio cedido é aquele disponibilizado gratuitamente por empregador, instituição ou pessoa não-moradora (sendo parente ou não), ainda que mediante o pagamento de taxas de condomínio e custos com água e eletricidade. ;Em Brasília, temos muitos apartamentos funcionais da administração pública, por exemplo;, cita. Contudo, muita gente está morando de favor por conta da crise econômica. Há também casos de contratos de gaveta, para fugir da tributação, o que faz aumentar o índice.

*Estagiário sob a supervisão de Roberto Fonseca

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