Brasil

Jungmann propõe aliança com igrejas para combater a violência

Em encontro com líderes religiosos, o ministro extraordinário da Segurança Pública pede ajuda das congregações para evitar que mais jovens entrem no mundo do crime

Bruno Santa Rita*
postado em 30/04/2018 19:56
Jungmann, em pé, discursa
O ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou nesta segunda-feira (30/4) que uma segurança pública eficaz precisa levar em conta a população jovem carente do país, mais vulnerável à violência e mais suscetível a entrar na criminalidade, segundo as estatísticas.
Para isso, o ministro se reuniu com líderes religiosos de várias denominações para discutir um projeto no qual as entidades religiosas funcionarão como meio de comunicação entre o governo e essa parcela da população. "As igrejas já ajudam, mas queremos que elas façam mais e foquem os mais jovens", disse.
Para o ministro, o combate a violência se faz impedindo a entrada para o mundo do crime, e não com a punição posterior. "A prisão, quando não mata, esfola. Um forte eixo de prevenção social é o mais importante", argumentou. Ele alertou que a mobilização da sociedade é decisiva para manter o projeto de combate à violência. "A sociedade é quem mantém o pacto. Igrejas, sindicatos, empresas. Todos."

Combustível para facções criminosas

[SAIBAMAIS]Segundo dados do Infopen apresentados na exposição de Jungmann, 30% dos presos do país têm entre 18 a 24 anos, enquanto outros 25% contemplam os adultos de 25 a 29 anos. Juntos, esses dois grupos etários representam cerca de três quartos da população carcerária. "É a juventude que temos de focar. Três quartos dos apenados são jovens", afirmou.

Ele também informou que um total de 40% da população carcerária ainda aguarda julgamento e que as principais acusações contra esses presos são roubo e furto. Além disso, Jungmann também demonstrou preocupação com o ritmo de crescimento das pessoas presas. ;Crescemos em uma razão de 7% ao ano;, disse em relação à progressão de presos na cadeia.

Essa crescente entrada de jovens nos presídios acaba servindo de combustível para as facções criminosas, que controlam as prisões do país. "Quando jogamos jovens para esse sistema, eles escolhem gangues para continuar vivos", analisou Jungamnn. "Nós reclamamos e clamamos contra a violência, mas, ao mesmo tempo, jogamos milhares para o berço do crime organizado."

Estimativas do governo que relacionam dados de mortes por assassinato e escolaridade da população, se o país garantisse a chegada de todos os jovens no ensino médio, o número de homicídios cometidos por pessoas dessa faixa etária cairia 40%. "A juventude que mais morre também é a que mais mata. Se os levássemos para além do ensino fundamental, isso reduziria os homicídios", garantiu.



Medida provisória

O ministro afirmou que existe uma Medida Provisória (MP) que irá reservar recursos direcionados para a segurança pública. No entanto, falou que não poderia divulgar o valor previsto e disse que a MP deve ser publicada nas próximas duas semanas. Ele explicou que esses recursos podem ajudar no diálogo entre o governo federal e o governo estadual. ;Nós damos recursos e eles devolvem melhores policiais;, exemplificou.

Igrejas participantes da reunião:

  • Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
  • Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC)
  • Aliança Evangélica Brasileira
  • Assembleia de Deus
  • Igreja Universal
  • Federação Espírita Brasileira
  • Candomblé - representante do ramo Ketu
  • Outros parceiros
  • Ordenariado Militar do Brasil (Ministério da Defesa)
  • Aliança Pró Capelania Militar Evangélica do Brasil (ACMEB)
  • Comissão Brasileira de Justiça e Paz
  • Gideões Internacionais
  • PMs de Cristo (SP, DF)
  • Instituto de juristas cristãos (SP)
  • Rádio Transmundial
* Estagiário sob supervisão de Humberto Rezende

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