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"Se meu filho não gritasse, a gente ia morrer", diz moradora de prédio

Ela contou que as pessoas começaram a descer pelas escadas após seu filho sair avisando os moradores sobre o incêndio

Agência Estado
postado em 01/05/2018 19:56
Ela contou que as pessoas começaram a descer pelas escadas após seu filho sair avisando os moradores sobre o incêndio
;Se meu filho não gritasse, a gente ia morrer tudo lá dentro;, disse Ana Paula Arcanjo dos Santos, 46 anos, que morava com sete filhos e tomava conta de dois netos no prédio que desabou nesta madrugada após um incêndio, no Largo do Paissandu, centro da capital paulista. Ela contou que as pessoas começaram a descer pelas escadas após seu filho sair avisando os moradores sobre o incêndio.

;Nós estávamos dentro de casa, estávamos brincando eu, minha nora e meu filho. Foi na hora que eu e ele escutamos um barulho. Pensamos que era tiro, mas não era tiro. Era o vidro que estava explodindo. Depois explodiu um botijão de gás, foi na hora que saímos correndo, e o fogo começou a alastrar;, disse. Os moradores, recordou, desceram as escadas correndo, num cenário de desespero: ;Meu filho começou a chutar os barracos para todo mundo acordar.;

Segundo Ana Paula, moradores idosos não conseguiram deixar o prédio. ;Tem muito idoso que ficou lá dentro, muito idoso;, lamentou.

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Todos da família passam bem, mas perderam tudo, inclusive documentos. ;Eu perdi tudo. Eu saí com a roupa do corpo, nós ganhamos roupa aqui na rua, nós saímos descalços. Meus filhos estão todos ali, com o pé todo preto e descalço. Não sei o que eu vou fazer, os documentos da minha filha também, não peguei nada;, acrescentou.


Vidros quebrando


O zelador Josimar Lopes de Lima mora com a família no prédio em frente ao que desabou. Ele contou que acordou por volta das 1h30 de hoje com o barulho de vidro quebrando. ;Eu acordei assustado e fui para a sala. Quando cheguei à sala, olhei para baixo, no quinto andar, a metade do andar, estava pegando fogo, no prédio da frente. Eu chamei minha esposa, falei para ela ligar para os bombeiros;, destacou.

Josimar chegou a pegar uma mangueira de incêndio e jogar água na tentativa de apagar as chamas, mas não aguentou a alta temperatura. Quando percebeu que o fogo se espalhava pelos andares do edifício em frente ao seu, ele decidiu sair do prédio em que morava com os filhos e a esposa. Pouco depois, seu prédio também teve focos de incêndio em três andares: sexto, sétimo e décimo.

Ana Cristina Macedo, 43 anos, morou durante oito meses no local, entre 2016 e 2017. Ela contou que os andares no edifício eram divididos em seis cômodos ou mais por madeiras. Cada um desses cômodos abrigava uma família. ;Morei oito meses. Tem um ano em que saí. Era muita bagunça, os madeirites eram todos bagunçados, era tudo de madeira;. Ela contou que pagava R$ 220 por um dos cômodos.

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