Brasil

Desabrigados de prédio que desabou ficam na rua e reclamam por moradia

Na manhã desta quarta, foram oferecidos serviços como banho, atendimento médico e alimentação às pessoas que passaram a noite na praça

postado em 02/05/2018 14:18
Desabrigados do prédio que desabou após incêndio na madrugada de terça-feira (1º/5) acampam no Largo do Paissandu
Alguns moradores do prédio no Largo do Paissandu, que desabou nesta terça-feira (1;/5) após um incêndio, decidiram passar a madrugada na rua em vez de ir para albergues oferecidos pela prefeitura. ;A gente não quer ser esquecido pelo governo;, disse a vendedora ambulante Jéssica Matos, 20 anos, que sobreviveu ao incêndio do edifício. Ela passou a noite com a mãe e a irmã, deficiente mental, na calçada do largo.

[SAIBAMAIS];A noite foi fria. Acordei com a garganta doendo, estou um pouco rouca. Minha irmã, que é especial, ficou mal e foi com o pessoal de saúde. Aqui é a rua, né? Não tem nenhuma cobertura;, disse Jéssica. Ela acredita que se o grupo se separar em albergues será mais difícil uma resposta do governo. ;A gente não quer albergue, a gente quer moradia. Tanto prédio por aí. Coloca a gente lá que a gente está precisando;.
A auxiliar de limpeza Marta da Cruz, 54 anos, também passou a noite na calçada do Largo Paissandu. ;Morava lá há 7 anos, desde o começo. Não era bom morar lá, era medonho, mas era sobrevivência porque aluguel está muito caro aqui no centro;, disse. Ela morava com um gato que não conseguiu salvar do incêndio. ;Era minha companhia. Ele fugia sempre que eu tentava pegar ele;, lamentou. Marta saiu do prédio em chamas apenas com a roupa do corpo e recebeu doações já na rua.

Por causa dos quarteirões interditados muitas pessoas estão impedidas de entrar nos locais de trabalho. A cabeleireira Neide da Silva, 72 anos, não conseguiu chegar no salão de beleza que mantém próximo ao largo. ;Eu queria pegar o secador para trabalhar em um local aqui perto. Já falei com a mulher do aluguel que ela vai ter que me dar um prazo maior, porque esta semana vai ser difícil;, disse.

O restaurante Estrela do Paissandu, também no largo, abriu apenas para receber fornecedores e apoiar o trabalho do Corpo de Bombeiros, dos policiais militares e dos jornalistas. ;Os clientes da rua mesmo não conseguem entrar. A gente abriu aqui para apoiar quem está trabalhando. Tem banheiro, se quiserem usar, e tomar um café;, disse o proprietário Josias Queiroz.

O prédio comercial e residencial na esquina com a Rua do Boticário, embora na área interditada, foi autorizado a abrir. O zelador do edifício disse que muitos moradores e funcionários, no entanto, não conseguiram permanecer no local, incomodados pela fumaça dos escombros.

Os trabalhos do Corpo de Bombeiros continuaram pela madrugada com cerca de 100 homens. Nesta quarta-feira (2/5) pela manhã foi utilizada uma escavadeira para retirar os escombros, pois não há interferência na parte estrutural do prédio, tendo em vista que ainda estão sendo feitas buscas por desaparecidos.

A equipe de assistência social permanece no local para acolher os sobreviventes. Na terça (1;/5) foi feito o cadastro das famílias desabrigadas. Na manhã desta quarta, foram oferecidos serviços como banho, atendimento médico e alimentação às pessoas que passaram a noite na praça.

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