Das 74 mortes pelo vírus H1N1 registradas no Brasil, 31 ocorreram em Goiás. Lá, as autoridades sanitárias estão em alerta para a mortalidade causada pelo vírus. O estado vizinho ao Distrito Federal registrou sozinho 41% dos registros de óbitos de todo o país.
Para se ter uma ideia da gravidade dos casos goianos, basta comparar os números de lá com os de outros estados ; o segundo colocado, o Ceará, apresentou 14 óbitos e a Bahia, 13. O balanço mais recente do Ministério da Saúde mostra que mais de um 4,7 milhões de pessoas já foram imunizadas. A adesão é de 8,6% do público-alvo ; 54,4 milhões de pessoas. Ao todo, 422 pessoas adoeceram este ano.
Ao menos 40 municípios goianos registraram mortes, entre eles Goiânia, Anápolis, e Pirenópolis. No Entorno do DF, Luziânia, Valparaíso de Goiás e Novo Gama tem casos. São, no total, 170 doentes no estado. Dez dias antes de começar a campanha nacional, em 23 de abril, os goianos já tomavam as primeiras doses da vacina. O estado está com a maior procura até o momento ; mais de 701 mil pessoas se imunizaram, isso representa 53% do público-alvo.
;O importante é que a população que faz parte do grupo prioritário procure postos de vacinação e não deixe de adotar as etiquetas respiratórias, que são válidas para toda a população, como: lavar bem as mãos com água e sabão várias vezes ao dia, tapar a boca com o braço ao espirrar, não ter contato direto com a boca ou o nariz de outra pessoa e manter sempre limpos com álcool gel mesas, mouses, teclados, balcões, portas, corrimãos e outros objetos que podem ser tocados com frequência;, explica a gerente de Imunização da Secretaria de Saúde de Goiás, Clécia Vecci.
Crianças de seis meses a 5 anos, gestantes, puérperas, pessoas com 60 anos ou mais, indígenas, trabalhadores da saúde, professores, portadoras de doenças crônicas não transmissíveis, funcionários do sistema prisional e adolescentes e jovens entre 12 e 21 anos que cumprem medida socioeducativa ou estão presos devem se vacinar.
No DF, 563 mil pessoas devem se vacinar. Até o momento, apenas 76 mil procuraram uma das 125 salas de vacinação ; 13% do público-alvo. O número mais recente da Secretaria de Saúde do DF mostra que 15 pessoas adoeceram por causa do H1N1. Três morreram. Em 2016, foram 82 casos de H1N1 e 10 mortes. No ano passado, não houve nenhum registro no DF.
A campanha continua até 1; de junho. A maior parcela do público é de idosos: 43 milhões. Em 12 de maio, vai ocorrer o Dia D de mobilização, um sábado em que os 65 mil postos de vacinação de todos os estados ficarão abertos para intensificar a vacinação. A vacina contra gripe é segura e reduz as complicações que podem produzir casos graves da doença, internações e mortes. Ela protege contra os três subtipos do vírus da gripe que mais circularam no último ano (leia quatro perguntas para).
Acre, Roraima, Amazonas, Rondônia, Pará, Piauí, Paraíba e Rio de Janeiro não atingem sequer 1% de imunização do público-alvo. Um risco, segundo o professor da faculdade de medicina da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo de Melo Martins, especialista em doenças respiratórias. ;Não se pode brincar com isso. É preciso procurar os postos e se vacinar. A prevenção é a melhor oportunidade que nós temos. Essa é a ferramenta para controlar o vírus;, explica. Ele lembra da proximidade de Goiás com o DF.
Para ele, o vírus obteve em Goiás melhores condições de adaptação e por isso antecipou a sazonalidade da doença no Brasil. ;Os primeiros casos pegaram as pessoas desprevenidas. A circulação do vírus se dá o ano inteiro, mas em algum momento atinge o pico. Ao que tudo indica, o vírus teve melhores condições de sobrevivência lá;, conclui.
Os sintomas da gripe H1N1 são similares aos sintomas da gripe comum. Eles incluem febre, tosse, garganta inflamada, dores no corpo, dor de cabeça, calafrios e fadiga. Algumas pessoas relatam diarreia e vômitos, além de pneumonia e falência respiratória em algumas situações. O vírus é transmitido da mesma maneira que gripe comum. Eles se disseminam de pessoa para pessoa especialmente através de tosse ou espirros.
H3N2 preocupa
Nos Estados Unidos, mais de 47 mil pessoas tiveram gripe causada pelo vírus H3N2. Aqui, ele ainda não se alastrou como no hemisfério norte. São 156 casos no Brasil e 22 mortes. Em São Paulo, 37 pessoas adoeceram. Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Goiás aparecem no ranking do Ministério da Saúde com mais de uma dezena de casos. O DF registrou sete casos.;Temos a vantagem que a vacina vem com melhorias após a sazonalidade no hemisfério norte. O H3N2 ainda não está causando problemas. Estamos no começo do período de infecção, mas podemos ter surpresa. É um vírus que se tornou mais agressivo. A procura pelos postos de vacinação está sendo muito grande, isso diminui a circulação do vírus;, destaca Ricardo de Melo Martins. A vacina oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) também protege contra o microrganismo.
Quadro perguntas para
Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da SaúdeA vacina transmite a gripe?
Não. A vacina é feita com o vírus inativado, um vírus morto. Geralmente, a vacina leva 15 dias para proteger. Nesse meio tempo, a pessoa pode ter contato com o vírus da gripe e ele ser mais rápido que a criação de anticorpos.
Por que a vacina não é distribuída para todos?
Como não há vacina disponível no mundo para imunizar toda a população, temos que priorizar aqueles grupos que têm mais riscos de adoecer, ter complicações e vir a óbito. Se vacinarmos essa grande quantidades de pessoas ao mesmo tempo, fazemos com que diminua a circulação do vírus e consequentemente as pessoas que não estão vacinadas estão sendo protegidas indiretamente.
Todos os anos devemos tomar a vacina?
As pessoas devem tomar a vacina todos os anos. A vacina contra a influenza (gripe), diferente de outras que estão no calendário nacional de vacinação, não tem imunidade para a vida toda. O organismo perde a imunidade com o passar do tempo. Com 10 ou 11 meses as pessoas já não têm imunidade contra o vírus da gripe. Por isso, a necessidade de se tomar de novo.
Gripe e resfriado são a mesma coisa?
Não. São doenças diferentes e causadas por agentes diferentes. Os sintomas do resfriado são mais leves. A pessoa fica com mal-estar de dois a três dias e depois passa. A gripe tem sintomas mais severos. Há dor de cabeça intensa, ardor nos olhos, tosse seca persistente, dores fortes no corpo e principalmente sintomas respiratórios. É preciso estar atento a esses sintomas e sua persistência.
422
Total de pessoas que adoeceram no Brasil por H1N1, sendo 170 somente em Goiás
Em alerta
Veja ranking dos estados onde mais pessoas adoeceramEstado - Casos
Goiás - 170
Ceará - 70
Bahia - 62
São Paulo - 38
Fontes: Secretarias de Saúde e Ministério da Saúde