Brasil

Roubos e furtos são os principais crimes praticados no campo

Relatório da CNA reúne 158 denúncias, sendo 82% referentes a roubo e furto em propriedades de produtores rurais

Maiza Santos*
postado em 10/05/2018 17:16
As propostas foram entregues também ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann
A criminalidade no campo foi objeto de um estudo, realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entregue ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), na quarta-feira (9/5). O documento reúne 158 denúncias que ocorreram no campo, sendo 82% referentes a roubo e furto, em propriedades de produtores rurais de 17 estados, ao longo do ano passado.

No relatório que reúne as denúncias recolhidas pela CNA e as informações oficias fornecidas pelos estados, os furtos representam 49% das ocorrências, seguidos por roubos (33%), depredações (12%), assassinatos (3%) e queimas (3%). Mais da metade dos crimes ocorre em propriedades de pecuária de corte e leite.

O principal obstáculo para resolver o problema de insegurança é a dificuldade para acessar os dados oficiais relacionados aos crimes que acontecem no meio rural. Em alguns casos, eles simplesmente não existem. A maioria dos estados não faz esse controle ou não diferencia crimes urbanos de crimes rurais.

O relatório apresenta 12 propostas para redução da violência no campo, através do detalhamento das ocorrências mais comuns em áreas rurais, do aumento de policiamento e políticas de prevenção, além da aprovação de um conjunto de leis que tramitam no Congresso.

"Uma das propostas é incluir uma tipificação para que todos os estados consigam separar o que é urbano do que é rural, fazer a classificação daquele crime dentro de um padrão estabelecido, para que a gente consiga apurar dos estados essas informações e possa fazer manchas criminais, mostrar quais são as regiões prioritárias e, aí sim, pensar em uma ação;, explica o secretário executivo da CNA, André Sanches.

O site do instituto disponibiliza um formulário eletrônico para que os produtores possam registrar a ocorrência de crimes em suas propriedades. Um outro canal é através do aplicativo WhatsApp. "Somente quatro estados enviaram esse tipo de informação. A criação do formulário, do observatório e do WhatsApp para receber denúncias foi porque a gente não viu outra saída para tentar fazer um diagnóstico do que, de fato, está acontecendo", conta Sanches.

Segundo Sanches, a maior parte dos roubos são praticados por quadrilhas especializadas. "Nessa amostra tem a descrição do que foi roubado. Através dessa simples descrição fizemos um percentual e chegamos à conclusão de que 72% dos produtos roubados são ligados à produção em si. São ativos muito específicos, quem roubou é especializado, não é um celular que ele vai vender na esquina."

No Congresso Nacional, a bancada ruralista defende a aprovação de leis que permitam o porte de arma no campo como forma de enfrentar a violência. Durante o evento, Maia defendeu uma revisão do Estatuto do Desarmamento e leis mais duras para aqueles que invadem terras. ;As regras precisam ser duras para que cada um possa ter o porte ou posse da arma, mas depois que cada cidadão que demanda a posse ou porte da arma cumprir as regras da lei, não pode ser uma decisão individual, de um delegado de polícia de um estado", disse.

As propostas foram entregues também ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que criou uma comissão com representantes da pasta e de produtores rurais. Entre as atribuições do grupo está a de fazer um diagnóstico sobre a questão.

*Estagiária sob supervisão de Ana Letícia Leão.

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