Tarcila Rezende*
postado em 10/05/2018 19:20
Por meio de uma nota em seu site oficial, o padre Fábio de Melo se desculpou, nesta quinta-feira (10/5), sobre um vídeo que circulou na internet esta semana em que ele aparece fazendo declarações e piadas sobre religiões de matrizes africanas.
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O vídeo veio à tona só agora, mas seu discurso foi feito durante a Festa da Divina Misercórdia, em Cachoeira Paulista (SP), em 8 de abril, e a cerimônia foi transmitida pelo canal de TV, Canção Nova.
Em um momento da missa, Fábio de Melo diz, em tom sarcástico: "Você treme toda quando vê uma galinha preta na porta de casa." Depois, mais sério, o padre alega que quem tem medo do "mal" que o animal pode fazer, não conhece a força de Cristo. "Com todo respeito a quem faz macumba, pode fazer, pode deixar na porta da minha casa, se tiver fresco a gente até come", finaliza, arrancando risada dos fiéis.
Por causa do teor das declarações, algumas pessoas se indignaram e questionaram o padre. Com isso, o babalaô Ivanir dos Santos, que integra a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro, notificou o padre Fábio de Melo e pediu pela retirada do vídeo de circulação.
Com a repercussão negativa, Fábio de Melo pediu desculpas a quem se ofendeu e afirmou que o Candomblé fez parte de sua origem. "Sempre manifestei publicamente o meu respeito a todas as religiões. Nunca quis ofender ou desmerecer quem quer que seja. Apenas expressei, durante uma celebração cristã, convicções cristãs", disse.
O padre ainda afirmou que fez contato com o babalorixá Ivanir dos Santos, que afirmou ter sido "extremamente gentil" com ele. "Nosso desejo é esclarecer que tolerância religiosa não significa abrir mão do que cremos ou não cremos, mas conviver harmoniosamente, colaborando na construção de um mundo melhor", concluiu.
Confira a declaração completa do padre:
"Sempre manifestei publicamente o meu respeito a todas as religiões. O candomblé fez parte da minha origem. Nunca quis ofender ou desmerecer quem quer que seja. Apenas expressei, durante uma celebração cristã, convicções cristãs. Peço perdão aos que se sentiram ofendidos. Eu não sou proprietário da verdade. Eu estou em busca dela. Quero o esclarecimento espiritual que me coloque ao lado de todos. Diferentes e iguais a mim. Somos irmãos e não me sinto melhor que ninguém. Se fui infeliz na forma como expressei o meu não crer, perdoem-me. Já fiz um contato com o babalorixá Ivanir dos Santos. Ele foi extremamente gentil comigo. Nosso desejo é esclarecer que tolerância religiosa não significa abrir mão do que cremos ou não cremos, mas conviver harmoniosamente, colaborando na construção de um mundo melhor. O mundo já está dividido demais para que criemos outras divisões a partir de nós.
*Estagiária sob supervisão de Ana Letícia Leão.