Brasil

Quase 3 milhões estão sem trabalho em Minas, diz IBGE

Começo do ano mostra piora do emprego no estado e no país, com a escassez de chances para desempregados e a mão de obra subutilizada. No Brasil, falta opção para 27,7 milhões

Estado de Minas
postado em 18/05/2018 10:14
gráfico de desempregoO drama dos desempregados persiste no país num começo de 2018 também cruel para um universo de pessoas nem sempre lembrado nas estatísticas. São aqueles que gostariam e estão disponíveis para trabalhar, mas por algum motivo não estão procurando emprego e gente empregada com jornada inferior a 40 horas semanais porque não consegue outra oportunidade. O conjunto desse grupo e dos desempregados, caracterizado como a força de trabalho subutilizada, somou 2,9 milhões de pessoas em Minas Gerais de janeiro a março, número recorde na série histórica de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 2012.

Eles retratam, da mesma forma, a taxa mais elevada que o IBGE apurou, de 24,4% no primeiro trimestre, e que havia sido alcançada de janeiro a março de 2017. No Brasil, diferentemente da visão otimista sobre a recuperação da economia que vinha sendo alardeada pelo governo, falta trabalho para 27,7 milhões, representando 24,7%, proporção um pouco superior a de Minas.

O desemprego teima em subir ; aumentou no estado de 10,6% entre outubro e dezembro do ano passado para 12,6% no primeiro trimestre de 2018 ; desafiando os indicadores que vêm mostrando a recuperação do país, a exemplo dos índices de confiança de empresários da indústria e do comércio. Preocupa em Minas o fato de a pesquisa do IBGE ter apontado três quedas significativas, de janeiro a março, do contingente de pessoas que estão trabalhando, 9,8 milhões ao todo.

Caiu 6,7% o nível do emprego na indústria mineira da construção civil, frente ao último trimestre do ano passado, seguido das retrações de 5,1% do comércio e de 3,2% na administração pública e serviços de educação e saúde, na mesma base de comparação. A rigor, nenhum dos segmentos da economia apresentou aumento da ocupação relevante no primeiro trimestre, destacou Gustavo Fontes, coordenador em Minas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.

;É um cenário complicado (o do Brasil) para fazer avaliações. Os dados mostram piora no trimestre e uma taxa de desocupação ainda elevada, mas existe melhora na comparação com um ano atrás e o emprego com carteira de trabalho parou de piorar;, afirma. No primeiro trimestre de 2017, a taxa de desemprego era maior, de 13,7% no estado e no Brasil. Em Minas, 1,42 milhão estão desempregados.

Outra leitura da estatística está associada à diferença de sazonalidade entre o último trimestre de um ano, quando a economia, em geral, está aquecida pela injeção do 13; salário e demanda motivada pelas festas de fim de Natal e Ano-novo; e os primeiros três meses do ano seguinte, marcados por mais despesas com o pagamento de impostos e gastos com educação, além das férias. Trata-se de um período sem datas comemorativas.

Desalento

O comportamento típico da economia e a circulação de dinheiro em diferentes direções nos dois trimestres comparados, de acordo com Gustavo Fontes, tem peso importante nos indicadores do mercado de trabalho, mas não significa que são o bastante para entender toda a diferença. ;É preciso de mais um trimestre de dados para sabermos se a sazonalidade explica a piora dos números;, diz o coordenador do Pnad Contínua em Minas.

A queda do nível do emprego no comércio, por exemplo, pode ser justificada em razão do fim dos contratos temporários de trabalho no setor típicos do período de outubro a dezembro. Em Minas, dos 8,9 milhões de trabalhadores ocupados de janeiro a março, 3,62 milhões atuavam com a carteira assinada; 2,33 milhões eram de pessoas trabalhando por conta própria, universo que cresceu 8,9% ante o primeiro trimestre de 2017, e 1,21 milhão não tinham registro formal.

Parte da queda no desemprego no Brasil entre o primeiro trimestre de 2017 e os três primeiros meses deste ano, de 13,7% para 13,1%, reflete o aumento da subutilização da força de trabalho e do desalento, de acordo com Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. ;Parte da população que saiu do desemprego foi para o desalento ou continua subocupada;, observou. Para o pesquisador ;o retrato geral é que o mercado de trabalho continua ainda em uma situação bastante desfavorável.;

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