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Professor aplica prova pela janela para aluno atrasado em BH; veja vídeo

Caso ocorreu em uma escola estadual na Região de Venda Nova e vídeo se espalhou pelas redes sociais. 'Gosto de oportunizar, acredito na educação', explicou professor

Cristiane Silva/Estado de Minas
postado em 23/05/2018 17:00
Aluno acompanhava a aplicação do teste do lado de fora e professor resolveu ajudar

Uma avaliação escolar aplicada de forma inusitada se espalhou pelas redes sociais nos últimos dias em Belo Horizonte. O vídeo mostra um professor aplicando uma prova oral de inglês para um aluno, mas o jovem estava do lado de fora da sala porque chegou atrasado. Assim, o docente gritava as questões pela janela, e o adolescente respondia.

Ao final, ele pede o nome completo do aluno, enquanto os outros adolescentes comemoram pelo fato de o colega ter conseguido os pontos. O caso ocorreu em 8 de maio, na Escola Estadual Santos Dumont, tradicional instituição pública da Região de Venda Nova, em Belo Horizonte.

Publicado no perfil do professor Hudson Fernandes no Facebook, até o início da manhã desta quarta-feira (23/5) o vídeo tinha 743 curtidas e 95 compartilhamentos. "Quando eu falo, que são poucos que faz (sic) jus a sua profissão, que realmente faz por amor não por status! Esse faz parte da minoria", comentou uma usuária da rede social na publicação. "Parabéns. Tem uma ótima profissão e humanismo prevalece nela é uma pena que nossos mestres não tem o devido valor que merecem e necessitam quase que implorar para receber oq (sic) lhes e de direito", comentou outro perfil.

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"Fiquei muito assustado porque eu não esperava essa repercussão toda. Uma aluna postou e eu acabei compartilhando", disse o professor à reportagem. Ele é docente há 10 anos e há três trabalha na Escola Estadual Santos Dumont. Segundo ele, o turno da noite da instituição atende alunos do 3; ano do ensino médio e a maioria trabalha como jovem aprendiz nos demais períodos do dia. A instituição é rigorosa com os horários. Por ter chegado atrasado, o estudante que aparece no vídeo conseguiu acessar o pátio, mas não teve a entrada permitida na sala de aula.

"Aquela sala é a sala dele, ele estava do lado de fora e olhando para a aplicação daquele teste. Perguntei por que ele não entrou, falou que chegou atrasado. Apliquei para ele da janela. Ele tirou total, acertou as frases todas", explicou o Hudson Fernandes. "São 10 frases. Além dos textos que eu trabalho são falas do dia a dia. Eu as cobro oralmente dos alunos", detalhou. Segundo ele, aquele era o último dia em que a prova poderia ser aplicada.

Além do Santos Dumont, o professor ainda dá aulas em outra escola na Grande BH e comentou à reportagem que seu primeiro emprego, ainda adolescente, foi como office boy do Estado de Minas (jornal da mesma empresa em que o Correio faz parte), onde recebeu incentivo de colegas para estudar. Hoje, ele também busca auxiliar os alunos nesse sentido, porém, após a repercussão do vídeo, ele soube que também desagradou algumas pessoas. "A minha intenção naquele momento foi oportunizar. Até teve gente na escola falando que podia aplicar recuperação. Mas, já que a turma estava envolvida e ele estava acompanhando, foi uma ação espontânea. Não pensei que podia gerar isso. Gosto de oportunizar, acredito na educação, gosto muito dos meus alunos", disse.

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Educação esclareceu que qualquer professor tem autonomia para repetir uma avaliação, não sendo necessária a "abordagem promovida pelo professor mostrada no vídeo."

Leia na íntegra:

"A Secretaria de Estado de Educação informa que a direção da Escola Estadual Santos Dumont, em Belo Horizonte, se reuniu na última terça-feira (22/05) com o professor Hudson Fernandes e a inspetora escolar da unidade para conversarem sobre esse episódio ocorrido na escola e a conduta inadequada adotada pelo servidor. A direção esclareceu que, de acordo com o regimento escolar da unidade, que já é de conhecimento de todos os funcionários e estudantes, após o início da aula, o aluno que chega atrasado deve aguardar o próximo horário para entrar na sala de aula, de forma a manter a organização da escola e não tumultuar o início das atividades escolares. A inspetora salientou ainda que qualquer professor tem autonomia para repetir uma atividade avaliativa, em um momento adequado e acertado entre as partes, para um aluno que porventura tenha perdido sua aplicação, não sendo necessária a realização do tipo de abordagem promovida pelo professor mostrada no vídeo."

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