Otávio Augusto
postado em 04/07/2018 06:00
A estiagem prolongada colocou 821 municípios em situação de emergência. A falta de chuvas em 10 estados obrigou a Defesa Civil Nacional a distribuir kits de assistência humanitária e água potável, fazer a remoção de famílias em áreas de risco, entre outras ações. A Região Nordeste é a mais castigada. A preocupação da Defesa Civil é com o aumento acelerado de municípios atingidos pela seca. Para se ter dimensão do crescimento, o número de cidades afetadas cresceu 37% em 13 dias. Em 26 de junho, eram 598 municípios.
A situação não deve melhorar nas próximas semanas. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), uma massa de ar seco impede a formação de nuvens de chuva em grande parte do país. A situação deve se estender até setembro. A Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec) coordena ações em diversos estados: Bahia, Pernambuco, Sergipe, Ceará, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Amazonas.
Na Paraíba, por exemplo, 176 municípios são abastecidos por carros-pipa. Lá, há 18 barragens com menos de 5% da capacidade total. Outras 37 estão abaixo dos 20%. ;Aqui, a temporada de chuvas já acabou. Ainda não trabalhamos com a ideia de racionamento, mas temos que analisar o próximo balanço hídrico, em 15 de julho;, adianta o presidente da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa), João Fernandes.
Nos próximos seis meses, as prefeituras podem pedir apoio ao governo federal para ações emergenciais. Em alguns locais, além do abastecimento de água potável por caminhão-pipa, houve distribuição de comida e famílias foram retiradas de áreas de risco.
Segundo o meteorologista do Inmet Hamilton Carvalho, a característica desta época é ser sem chuva, com temperatura baixa e umidade do ar em queda. ;Durante a estação de inverno, prevalece na grande área central do país e no Nordeste falta de chuvas;, explicou.
O Monitor de Secas do Nordeste do Brasil, programa de monitoramento da Agência Nacional de Águas (ANA), mostra que a região está sob forte influência de seca moderada a severa. A situação tem se acentuado desde maio, segundo mapas do órgão.
A previsão do tempo destaca que a massa de ar seco vai predominar nas próximas semanas, o que garante tempo firme e sem chuvas em grande parte do Brasil. Pancadas ocorrem somente no norte do Espírito Santo, no litoral do Nordeste e no Norte do país. Nos próximos dias, temporais são previstos na região Sul.
Bandeira vermelha
A estiagem prolongada é um dos motivos para bandeira vermelha, forma de repassar ao consumidor o aumento no custo de produção de energia, ter sido mantida pelo segundo mês consecutivo. A elevação na conta é de R$ 5 a cada 100 kW/h consumidos, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Isso acontece por que o nível dos reservatórios de água das hidrelétricas estão com volumes muito baixos.
Pelo menos 1,7 milhão de pessoas estão sendo abastecidas por carros-pipa, segundo o Ministério da Integração Nacional. O apoio emergencial é complementar às ações de estados e municípios. ;Os recursos para custeio são repassados ao Exército brasileiro, executor da operação federal. Já o atendimento em áreas urbanas é realizado pelos governos estaduais, também com aporte federal;, detalha o órgão, em nota.